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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Cuca não é técnico de um estilo só

    26/09/2016 02h00

    O Palmeiras é o time que mais faz gols de faltas ou escanteios no Brasileirão e também o que mais recupera a bola no campo de ataque. No dia 4 de abril, data da apresentação de Cuca no Palmeiras, esta coluna trouxe a definição do próprio treinador sobre seu estilo: "Nunca fui obsessivo pela posse de bola. Vamos escalar de acordo com cada partida."

    Em cinco meses, o Palmeiras transformou-se. Saiu da eliminação na fase de grupos da Libertadores para líder do Brasileirão por 18 rodadas. Nada mau para um clube sem o título nem o vice-campeonato há 19 anos.

    Cuca reclama de ser tachado de técnico de um estilo só. Não é. O Palmeiras gosta mais das roubadas de bola no campo de ataque do que dos cruzamentos. Gosta de pegar a defesa rival desprotegida e resolver rápido as jogadas.

    Nem sempre dá certo. Quando dava, Gabriel Jesus era o símbolo do time mais brilhante do primeiro turno do campeonato.

    De lá para cá, algumas coisas mudaram. Gabriel Jesus foi jogar a Olimpíada e as eliminatórias, Róger Guedes caiu de produção, Cleiton Xavier nunca alcançou o nível que dele se espera. Como o Palmeiras também usa a bola parada, a liderança não foi ameaçada.

    Porque a equipe de Cuca tem repertório.

    O Atlético de Madri tinha a melhor bola parada do planeta em 2014. Foi elogiadíssimo por isso, chegou à final da Liga dos Campeões em Lisboa e ganhou o título espanhol. O Atlético Mineiro ganhou a Copa do Brasil no mesmo ano, elogiado por usar o arremesso lateral como jogada ensaiada.

    O Palmeiras é apenas o 16º colocado em levantamentos para a área dos 20 clubes do Brasileirão. Cruza menos do que Flamengo e Atlético, rivais direitos pelo título.

    É mais justo ressaltar que Cuca trabalha detalhadamente para que as jogadas resultem em gols. Informa ao elenco onde o zagueiro adversário vai se posicionar e ensaia o lugar em que a bola vai chegar. Seja por cima, como nos gols dos zagueiros Mina e Vitor Hugo contra o São Paulo, ou por baixo, como na falta do gol de Mina contra o Coritiba, neste sábado (24).

    Editoria de Arte/Folhapress

    Mas Cuca gosta mesmo da marcação por pressão. Contra o Fluminense, no início da sequência de cinco clássicos, o segundo gol foi marcado por Jean de fora da área e nasceu de uma bola recuperada na intermediária ofensiva.

    O Brasileirão é uma corrida com obstáculos que dura sete meses e raras vezes teve um protagonista apenas, do início ao fim. No ano passado, o Corinthians foi o campeão indiscutível, Sport, Atlético-PR, São Paulo e Atlético-MG foram líderes. Em 2013, o Cruzeiro assumiu a liderança para não largar mais apenas na 24ª rodada.

    Gabriel Jesus marcou dez gols até a 13ª partida do Brasileirão. Nas últimas catorze, o Palmeiras só contou com um gol de seu goleador, fosse por suas ausências ou pela melhora da marcação. Nesta altura da campanha, é muito bom ter a bola parada como aliada. São 19 dos 47 gols marcados desta maneira – ou seja 40% deles.

    Não significa que será assim até o fim do campeonato.

    O Palmeiras está invicto há dez partidas do Brasileirão e neste período fez cinco clássicos. Conseguiu 14 pontos dos últimos 18 disputados e existe uma razão para isso. Mestre Cuca tem cardápio. Não um único prato.

    TIME DA VIRADA

    Se vai ganhar o campeonato, mais difícil dizer, porque o Flamengo tornou-se o time da virada. É a quarta vez que o time dirigido por Zé Ricardo sai atrás e termina na frente. Empurrado pela torcida e no cangote do líder Palmeiras, o Flamengo pode ser campeão brasileiro.

    FLU FOI MELHOR

    O técnico Levir Culpi subiu os volantes Pierre e Douglas para marcar os meias Rodriguinho e Giovanni Augusto. Usou a velocidade de Wellington, Marcos Júnior e Scarpa. E Cícero como organizador. O gol do Fluminense foi justo pela dificuldade do Corinthians para agredir.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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