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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Palmeiras evoluiu muito nos últimos anos, mas não construiu um estilo

    03/10/2016 02h00

    Bizu foi contratado pelo Palmeiras em março de 1987, credenciado por seus gols pelo Caxias. Passou cinco meses sem marcar e para fugir da seca pediu até para mudar de nome: "Me chamem de Cláudio." Continuou sendo Bizu.

    No dia 28 de outubro, o Palmeiras foi jogar contra o Santa Cruz, no Arruda. O Santa era lanterna e o Palmeiras de Rubens Minelli brigava para se classificar para as semifinais da Copa União. O Santa Cruz fez 1 x 0 e Bizu virou o jogo. Fez seus dois primeiros gols pelo Palmeiras no dia de São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis.

    A lembrança veio à memória, porque hoje o Palmeiras joga pelo título contra o Santa Cruz, lanterna. O time de hoje é muito melhor do que o de 1987, eliminado pouco depois. O Santa é ainda pior. Tudo dá ideia de que a partida será fácil e Cuca verá sua equipe atropelar o rabeira, para abrir três pontos sobre o Flamengo.

    "O jogo é difícil", diz um integrante da comissão técnica. Para ganhar pelo Brasileirão, é preciso jogar bem.

    Na sexta-feira, Cuca falou sobre razões que fazem o Palmeiras fazer boas apresentações e outras discretas. "Nós jogamos de um jeito, aprenderam a nos marcar e treinamos sempre coisas novas para tentar melhorar."

    Por mais que o Palmeiras tenha evoluído muito nos últimos quatro anos, não houve processo de construção de um estilo. É diferente do São Paulo da década passada ou do Corinthians, com Mano e Tite. A maneira similar de jogar fez com que, com entradas e saídas de jogadores, o Corinthians continuasse forte por seis anos.

    Parece que isto se perdeu com Cristóvão Borges e agora com Fábio Carille. Vai ser preciso começar de novo. Não se trata de ter o mesmo desenho tático. Contra o Botafogo, Carille adotou o mesmo 4-1-4-1 de Tite e o time foi péssimo.

    É necessário ser compacto e criativo. O Corinthians de hoje tem só a primeira parte.

    Editoria de Arte/Folhapress

    No caso do Palmeiras, a desconfiança ainda existe porque o time é muito novo. Não o elenco, contratado ano passado e mantido em sua maioria. O jeito de jogar é diferente de quando o treinador era Marcelo Oliveira ou Oswaldo de Oliveira. Não se criou um processo.

    O Palmeiras joga asfixiando o adversário na saída de bola, explorando jogadas ensaiadas e impondo velocidade perto da grande área apenas porque Cuca quer assim.

    O nível de maturidade de um clube se alcança quando o estilo é semelhante independentemente dos jogadores e até do treinador. Isto é o Barcelona. Não existe no Brasil.

    O exemplo do Corinthians é o mais próximo aqui.

    O Palmeiras da eliminação da Libertadores e da derrota para o Nacional no Allianz Parque, em março, não dava a menor pista de que poderia virar um timaço.

    Dizia-se que o Palmeiras contratou em quantidade, não em qualidade. Hoje há quem afirme que Cuca dirige o melhor elenco do país. Foi seu trabalho que mudou a percepção geral.

    Hoje, a primeira missão palmeirense é ganhar o Brasileirão. A segunda, manter Cuca para a Libertadores e depois definir o estilo para o time, com o técnico ou sem ele.

    Por causa do trabalho de Cuca é que o Palmeiras joga hoje contra o Santa Cruz como favorito. Sem precisar do santo das causas impossíveis.

    ATLÉTICO VIVO

    Dos concorrentes ao título do Brasileiro, o Atlético-MG é quem sofre mais gols. Dos últimos dez jogos, foi vazado em oito. É semelhante ao problema que Marcelo Oliveira tinha no Palmeiras, que sofreu gols em todos os últimos 19 jogos de 2015.

    PRÓXIMOS PASSOS

    O empate contra o Flamengo mantém o São Paulo 4 pontos distante da zona da degola. Isso exige cuidado. Nas próximas duas rodadas, o time enfrenta Sport, em Recife, e Santos, no Pacaembu. Ricardo Gomes precisa de pelo menos quatro pontos.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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