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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Semelhança entre São Paulo de hoje e Palmeiras de 2012 não é coincidência

    16/10/2016 02h00

    O vice-presidente do São Paulo, Roberto Natel, rompeu com o presidente Leco e pediu demissão no dia 27 de setembro. Uma semana antes, um importante conselheiro do clube definiu o quadro eleitoral do ano que vem e previu que poderia haver uma rachadura na chapa da situação: "O Roberto Natel está louco para brigar com o Leco."

    Não deu outra.

    Também em setembro, mas no Palmeiras, uma sequência de reuniões ratificou a chapa de Maurício Galiotte, candidato à sucessão de Paulo Nobre e apoiado por ele.

    As conversas anteriores indicavam que a oposição não conseguiria se aglutinar. Vicente Criscio pensava em ser candidato se Paulo Nobre lançasse outro nome. Não se sentia confortável em concorrer com Maurício Galiotte, a quem respeita e sabe não ter rejeição.

    Gabriela Di Bella - 18.jan.2015/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 18-01-2015, 17h00: Entrevista com o presidente do Sport Clube São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. (Foto: Gabriela Di Bella/Folhapress, ESPORTE) ***EXCLUSIVO***
    Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo, durante entrevista

    Pela primeira vez em dezessete anos, o Palmeiras elegerá um candidato único como presidente. Neste momento, não há sectarismo no conselho palmeirense. Há oposição que pretende se unir para concorrer daqui a dois anos. Mas admite-se o avanço do clube e a boa escolha do sucessor de Nobre.

    Quando o São Paulo vivia em paz era tricampeão brasileiro. No ano seguinte à eleição mais acirrada para a presidência do Palmeiras, com três candidatos e acusações, o time foi rebaixado.

    Qualquer semelhança entre o São Paulo de hoje e o Palmeiras de 2012 não é mera coincidência.

    A paz não leva necessariamente à vitória, mas várias vezes ajuda. Na política de clube, é sempre bom haver oposição. Ruim é haver xiitas. A crise são-paulina não existe por causa da guerra nos bastidores, mas agrava-se por causa dela.

    Às vezes, os são-paulinos se esquecem que Leco cumpre um mandato tampão provocado pela renúncia de Carlos Miguel Aidar. Que o Conselho Deliberativo indicou ao presidente que reduzisse a dívida e cortasse 20% da folha de pagamento. O clube hoje deve 35% a menos do que em janeiro, mas o resultado esportivo é péssimo. É culpa da diretoria atual, sem dúvida. Mas há conselheiros que se fingem de mortos, como se não tivessem responsabilidade pelo corte de custos.

    Leco não tem nenhuma garantia de que irá se eleger em abril. Menos ainda quando se lembra que a eleição pode ter três candidatos. Como caiu na fogueira acesa pelo terceiro mandato de Juvenal Juvêncio e pelo fracasso de Aidar, seria justo imaginar que recebesse a confiança para um mandato completo.

    No Palmeiras, onde as veias sempre foram mais abertas, houve consenso para eleger Brício Pompeu de Toledo, em 1981, depois de cumprir dois mandatos tampões, pela deposição de Jordão Bruno Sacomani e pela morte de Delfino Facchina enquanto era presidente.

    É ingênuo pensar que o São Paulo terá o mesmo comportamento.

    O limite da oposição no futebol é quando ela leva fofoca para dentro do centro de treinamento e começa a haver suspeitas de gente manipulando torcedores uniformizados.

    Não há como afirmar quem foi o líder da invasão ao CT, em agosto. Mas não havia este tipo de situação desde que a Independente jogou pipocas nos jogadores, em 2002, quando faltavam dezoito dias para uma eleição vencida por apenas dois votos.

    Hoje, nada disso acontece no Palmeiras, líder do Brasileirão. Tudo se acumula no São Paulo, perto da zona de rebaixamento.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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