A estreia oficial de Rogério Ceni como técnico do São Paulo acontecerá na quinta-feira (19), em partida da Florida Cup. Ontem, o time fez o segundo jogo-treino. O primeiro em que Rogério cuidou da variações táticas para o sistema utilizado em todos os trabalhos desde que chegou: 3-4-3.
Há muitos times no mundo jogando assim, como o Chelsea, líder do Campeonato Inglês, e o Borussia Dortmund.
Guardiola usava o 3-4-3 no Barcelona na temporada 2011/12, mas de maneira diferente do que o Chelsea tem feito e do que Rogério pretende.
Com Guardiola, o Barcelona tinha um líbero e um losango no meio de campo. Era assim também quando Pep era jogador e Cruyff desenhava o Barça de 1992, campeão da Europa e derrotado pelo São Paulo na final do Mundial.
O Chelsea e o São Paulo que se esboça com Rogério Ceni têm uma linha de quatro homens na faixa central. São dois laterais e dois volantes. No caso de Antonio Conte, na Premier League, quando sua equipe perde a bola, os alas recuam e os pontas também.
O 3-4-3- transforma-se rapidamente em 5-4-1.
"Não gosto da linha de cinco, porque você demora muito para fazer a transição e chegar ao campo de ataque", diz Mano Menezes, que pretende um esquema tático com variações semelhantes no Cruzeiro de 2017.
Lá também pode haver um 3-4-3.
A diferença do Chelsea de Antonio Conte é que varia para uma linha de quatro na defesa, não de cinco.
Quem assistiu aos dois jogos-treinos do novo São Paulo não percebeu a variação tática, que certamente haverá, com Rogério Ceni. Se, ao perder a bola, o time vai se recompor com um ala fechando um lado do campo ou com os dois,
para fazer cinco na defesa.
Como goleiro, Rogério sempre gostou de três zagueiros. Mais proteção, menos chance de a bola chegar ao seu gol. Talvez até por ter conquistado seus títulos mais importantes com o 3-5-2.
A Copa Libertadores foi assim, com Lugano, Fabão e Alex na defesa. O Mundial contra o Liverpool também: Lugano, Fabão e Edcarlos formavam o trio defensivo. O jogo do tricampeonato brasileiro, contra o Goiás, também foi assim. Rodrigo, André Dias e Miranda formavam a defesa.
Rogério quer essa segurança, mas de um jeito mais moderno.
À parte o sistema tático, o ex-goleiro tem agradado aos jogadores pelos treinamentos. Faz uma coisa que quem trabalhou com José Mourinho sempre elogiou: nunca repetir um exercício.
Também deixa a ideia de que um treinamento está ligado ao próximo. Ou seja, se ficar fora de um trabalho, não vai entender a validade do seguinte. "Os jogadores estão fazendo de tudo para não ficar fora do treino, porque sabem que perderão coisas importantes", diz um membro da comissão técnica.
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"É lúdico, muitas vezes com jogos para estimular o trabalho, pequenas competições que alegram o treino", diz Marco Aurélio Cunha.
Neste ponto, ainda que mirando o que fazem os principais técnicos dos clubes da Europa, Rogério imita Cilinho. Nos anos 1980, o treinador do São Paulo dos Menudos, campeão paulista de 1985, e seu preparador físico, Bebeto de Oliveira, faziam jogos e treinos com as mãos. "Lembra, sim", diz Marco Aurélio.
SEM NEYMAR
O Barcelona venceu o Las Palmas sem Neymar e com sistema diferente: 4-4-2. Turan, substituto do brasileiro, não fez o papel de atacante. O time ficou mais agrupado. O Barça tem resolvido seus jogos individualmente. Coletivamente, tem problemas.
FLAMENGO
Um dirigente do Flamengo trata a possível contratação de Berrio como possibilidade concreta, se houver preço justo e forma de pagamento. Mas diz que não houve proposta oficial: "Ele não tem drible. Pode ser uma espécie de Marcelo Cirino com air bag."
É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.