• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 00:35:48 -03
    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Corinthians e Palmeiras precisam olhar para o passado e refletir

    19/02/2017 02h00

    Miguel Martinez foi deposto da presidência do Corinthians em 1972, seis meses antes do fim de seu mandato, por não explicar uma dívida de US$ 1 milhão. O débito corintiano atual está na faixa de R$ 400 milhões, sem incluir o estádio.

    Nesta segunda-feira (20), o Corinthians votará o afastamento do atual presidente, Roberto de Andrade. As conversas com quem decidirá o impeachment indicam que a proposta não colou. O mais provável é que o impedimento não seja aprovado e Andrade permaneça no cargo. É justo. A proposta é afastá-lo por incompetência. Não há indício para acusar o presidente de desonestidade.

    O afastamento de Miguel Martinez, há 45 anos, levou ao poder Vicente Matheus. Demorou mais cinco anos para acabar com o jejum de títulos mais longo da história dos grandes clubes brasileiros.

    Mudar o presidente não traz soluções a curto prazo como se fosse uma varinha de condão. É preciso trabalho para corrigir erros do passado. O impeachment nem é justo nem é a solução.

    No futuro imediato, o Corinthians tem o clássico com o Palmeiras, quarta-feira (22), em Itaquera. Incrível como a situação dos dois rivais inverteu-se em tempo tão curto. Nesta semana, o presidente Maurício Galiotte e o diretor Alexandre Mattos viajaram a Barcelona para negociar a permanência do zagueiro Mina até o final da Libertadores. Isso deve se confirmar.

    Também tratam de parcerias com o clube catalão em outros setores. O Barça é um exemplo nas divisões de base. O Palmeiras, não.

    A gestão Paulo Nobre melhorou muito a estrutura da base. O Palmeiras revelou Gabriel Jesus, Vitinho só não foi para a seleção sub-20, porque o Palmeiras pediu sua liberação, João Pedro disputou o último Mundial Sub-20, Victor Luís joga a Libertadores pelo Botafogo e recebe elogios.

    Mas as divisões de base vão colocar poucos jogadores no time principal, por causa das boas contratações feitas pelo clube, com apoio da Crefisa.

    O momento lembra a era Parmalat. Naquele tempo, o Palmeiras encostou-se na facilidade para contratar e não fez nada para o momento em que perdesse o patrocínio.

    Não se trata de dispensar a Crefisa. Não se rasga dinheiro. Mas é possível usá-lo para fazer a transição necessária entre ser clube comprador e formador de seus próprios ídolos.

    O Palmeiras sempre foi forte quando comprou. Jair Rosa Pinto, Ademir da Guia, Leivinha, Jorge Mendonça, Luís Pereira, Edmundo, Evair, Zinho, Rivaldo, Borja...

    Na base, ou na várzea, descobriu Waldemar Fiúme, Alfredo Mostarda, Pedrinho, Edu Manga, Vágner Love, Gabriel Jesus, Marcos... O risco é comprar como se o dinheiro fosse eterno.

    A Crefisa promete investimento no esporte amador e no clube social, contrapartida à eleição de Leila Pereira e de José Roberto Lamacchia, agora conselheiros. Por que não incluir dinheiro para montar a estrutura na formação de jogadores?

    Assim como o Corinthians precisa olhar para o passado e entender que a deposição do presidente não trará dias melhores imediatamente, o Palmeiras deve relembrar a experiência do fim da parceria da Parmalat.

    Se preparar o futuro, não haverá uma seca tão grande como houve entre 2000 e 2015.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024