• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 20:11:18 -03
    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Posse de bola deve representar espaços abertos entre os zagueiros rivais

    27/02/2017 02h00

    Benoit Tessier/Reuters
    Football Soccer - Paris St Germain v Barcelona - UEFA Champions League Round of 16 First Leg - Parc Des Princes, Paris, France - 14/2/17 Barcelona's Lionel Messi prepares to shoot at goal from a free kick Reuters / Benoit Tessier Livepic ORG XMIT: UKZTwD
    Lionel Messi em partida pelo Barcelona na Liga dos Campeões da Europa

    Quando Guardiola diz em seu livro, "Herr Pep", que não gosta de tiki-taka, significa que sabe o pecado de trocar passes sem infiltrar-se na defesa. A posse de bola precisa representar espaços abertos entre os zagueiros rivais e o melhor cenário para isso é ter superioridade numérica.

    Sempre dois contra um, três contra dois.

    É o que falta para muitos times que têm a posse de bola como premissa. Não adianta só trocar passes.

    Isso tem faltado ao Barcelona de Luis Enrique. Antes, mesmo na campanha do título da Liga dos Campeões de 2015, quando já trabalhava o treinador atual, o Barça jogava com Rakitic, Busquets e Iniesta em triangulações para que a bola chegasse a Messi, Suárez e Neymar no um contra um. Neste caso, eles são imbatíveis.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Quando ficam em um contra dois ou três marcadores é muito mais difícil.

    Hoje, o meio de campo do Barcelona parece querer entregar a bola o mais rapidamente possível para Messi, Suárez ou Neymar, como se dissessem: resolvam! Nem sempre dá.

    É um caso parecido com o que vive o Palmeiras, na transição entre um treinador que gostava das definições rápidas de jogadas e a marcação individual, Cuca, e outro que prioriza o passe e marca por zona, Eduardo Baptista.

    Contra o Corinthians, o Palmeiras ficou com a bola 66% do tempo e chutou quatro vezes ao alvo. O Corinthians chutou três vezes no gol de Fernando Prass.

    Contra a Ferroviária, a posse de bola ficou em 62%. O time foi melhor, porque o adversário era mais fraco e porque o gol saiu rápido. Antes de marcá-lo, o Palmeiras ainda tinha o hábito de rodar a bola até servir um ponta. Michel Bastos ou Keno recebiam de frente com dois marcadores, às vezes três.

    Quebrou a defesa da Ferroviária quando houve triangulação. Michel Bastos, Jean e Willian trabalharam pelo lado do campo contra dois da Ferroviária. O cruzamento alcançou Keno: 1 a 0.

    Depois disso, o Palmeiras atrasou sua marcação e ganhou espaço para contra-atacar.

    A questão é que, ao longo da temporada, o Palmeiras encontrará adversários que recuam e fecham os espaços. Vai ter de infiltrar-se.

    O Santos é um exemplo de equipe que faz isso bem. Está em crise, sofre críticas das arquibancadas, corre risco de eliminação no Campeonato Paulista, mas é quem mais tem aproximação dos seus jogadores quando joga contra times muito fechados.

    Sempre há três atacantes contra dois defensores, sempre duas opções de passe, especialmente nas jogadas pelos lados do campo. Só com um jogador perto do outro é possível fazer tabelas rápidas para entrar na área e ficar frente a frente com o goleiro.

    A outra opção é o drible. Não há nada no futebol como driblar. Mas para tê-lo é preciso inspiração. Ela pode aparecer a qualquer momento e vai resolver qualquer partida. Para não depender disso, é necessário treino e planejamento.

    No passado, a seleção de 1994 e o Corinthians de 2002, de Parreira, adoravam a posse de bola. Quando a perdiam, recuavam. A diferença para o Barcelona, além da aproximação, é a pressão. Perder a bola e agredir para recuperá-la. Nesse caso, o espaço se abre e o gol fica mais perto.

    *

    Está na moda dizer bloco baixo para explicar quando se recua para marcar atrás do meio de campo. O Corinthians tem feito isso, com o time muito junto. Assim tira espaço dos grandes, mas ainda sofre contra os pequenos, quando tem de sair para jogar.

    *

    O melhor reforço do Flamengo na temporada não foi Berrio, nem Trauco, nem Rômulo. Foi a manutenção do trabalho. Há anos, o Fla não começava o ano com um time estruturado. Desde 2011, não iniciava a temporada com sete vitórias em sete jogos.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024