O Corinthians é o melhor time do Campeonato Paulista, com 19 pontos. O Palmeiras é o segundo, tem a melhor defesa e só fez menos gols do que o São Paulo.

Dos dois líderes, o Palmeiras é neste momento quem impressiona mais. No sábado, o time de Eduardo Baptista lembrou o de Cuca, pelo lugar onde foi roubar a bola dos pés de seus adversários.

Dos 20 desarmes na partida, 13 aconteceram na parte ofensiva do campo. Já se via isto antes da recuperação de Egídio, no pé de Buffarini, que resultou no golaço por cobertura de Dudu.

Há duas semanas, questionado sobre as mudanças táticas introduzidas na equipe, Eduardo Baptista admitiu que fez adaptações para não abrir mão de suas convicções –marcação por zona, por exemplo.

Também pediu tempo para que as triangulações passem a ser marca registrada de sua equipe.

"Cobram no Brasil avanços em três semanas que técnicos no cargo há três anos realizam na Europa", disse. Ao mesmo tempo, deixou claro que seu projeto é ter um time com troca de passes e envolvente.

Como o Palmeiras fez no sábado.

O bom jogo esperado começou a aparecer e o resultado expressivo contra o São Paulo ajuda a conquistar a confiança da arquibancada. Houve progressos no trabalho de posse de bola contra a Ferroviária e Red Bull, mas o parâmetro do estadual exige cautela na análise.

Contra o Tucumán, a expulsão de Vítor Hugo atrapalhou. A expectativa de Eduardo Baptista confirmou-se. Imaginava um jogo muito físico, como aconteceu. Só trouxe ponto da Argentina porque reforçou o meio de campo.

Contra o São Paulo, a grande novidade foi o local da marcação, sempre no campo de ataque, sempre dificultando a saída de bola que Rogério Ceni tanto preza.

Está claro que a base do novo Palmeiras é Dudu, o único jogador de linha escalado como titular em todas as partidas desde que Eduardo Baptista chegou. Com Cuca, Dudu sentou-se no banco de reservas no primeiro turno do Brasileirão.

Atenção também com Thiago Santos. Ele jogou demais contra o São Paulo.

O Corinthians é diferente. Sofre poucos gols, mas agride muito menos do que o Palmeiras.

O ponto positivo é ver finalmente os jogadores da base firmando-se como titulares. Arana e Maycon participaram dos gols da vitória sobre o Luverdense.

Léo Jabá ganha espaço quando entra como titular, apesar de não ter ido bem ontem, e o zagueiro Léo Santos marcou contra a Ponte, em seu segundo jogo profissional.

O problema é que o Corinthians ainda é muito tímido quando chega ao ataque.

Em parte, porque Carille admite montar primeiro o sistema defensivo e depois pedir mais aproximações de jogadores no ataque.

Em parte, porque o Corinthians de 2017 não tem o talento da equipe campeã brasileira de 2015. Em vez de Renato Augusto, Rodriguinho. Em vez do experiente Elias, o novato Maycon. "Dizíamos que Maycon era uma espécie de Elias pela esquerda", diz o treinador corintiano, esperançoso.

Menos...

O domingo sem clássico não empolgou com o Corinthians, mas seus números exigem respeito. No caso do Palmeiras, a atuação de sábado animou. Jogadores não faltam. E agora, parece estar nascendo uma equipe.

ZERO A UM

Rogério Ceni escalou Jucilei e este pode ser um caminho para fortalecer a defesa. Não foi o bastante contra o Palmeiras e tirou criação do ataque. Pela primeira vez, o São Paulo não marcou nenhum gol em uma partida sob o comando do novo treinador.

SEM DERROTAS

Desde 2011, o Brasil não passa a primeira rodada da fase de grupos da Libertadores sem sofrer nenhuma derrota. Na primeira semana desta edição, está invicto. Falta saber se o Botafogo resiste ao Estudiantes, campeão quatro vezes. Até agora, são três vitórias e quatro empates.

pvc

É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.