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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Ganhar clássico e avançar será importante para afirmação de Ceni

    16/04/2017 02h00

    É difícil que o resultado do clássico de hoje, entre São Paulo e Corinthians, tenha efeito direto na eleição de terça-feira (18), no Morumbi. Tudo indica que Leco será eleito para seu primeiro mandato completo como presidente.

    Se for, será justo, porque é impossível analisar o São Paulo de hoje sem olhar para o passado recente. A dívida e a falta de competitividade foram construídas em cinco anos, no terceiro mandato de Juvenal Juvêncio e nos 18 meses de Carlos Miguel Aidar.

    Não que Leco não tenha responsabilidade. Claro que tem. Só que é necessário sempre lembrar de que está na presidência há um ano e meio, eleito para um mandato tampão, para completar o ciclo depois da segunda renúncia na história do clube –Cid Mattos Viana pediu afastamento em 1938.

    A crise dos cinco anos produz o time insuficiente, derrotado pelo Cruzeiro. Mudar o cenário exige ousadia. "A eleição tem um perfil conservador dos dois lados", analisa o conselheiro Marco Aurélio Cunha. A mudança do estatuto pode obrigar o novo mandato a ser mais agressivo, pela obrigação de profissionalizar setores estratégicos.

    A herança dos cinco anos está no colo de Rogério Ceni. Por mais que seu início de carreira só se dê num clube gigante por causa de sua trajetória como jogador, não é simples estar onde está.

    Todo mundo olha querendo o mesmo sucesso dos tempos de goleiro. E rápido.

    Como se Rogério também não tivesse passado por seus cinco anos, entre o primeiro treino nos profissionais e a certeza de ser titular, depois da saída de Zetti.

    Cinco anos ajudaram a construir um grande goleiro e a derrubar um grande clube. É preciso tempo para ver brilhar um técnico promissor. Também para reconstruir o São Paulo como clube modelo, igual à década passada.

    Rogério segue à risca a escola dos grandes treinadores. Estuda jogo após jogo, número por número. Há quem observe que seu risco é prender-se à receita.

    Montar o plano de jogo e não sair dele. Como aconteceu em Buenos Aires, contra o Defensa y Justicia, quando manteve Buffarini em campo, apesar de perceber que poderia receber o cartão vermelho.

    Antecessor de Rogério, Ricardo Gomes costuma diferenciar os treinadores com quem trabalhou em seu tempo de zagueiro, na Europa e no Brasil. Para ele, os europeus definem o sistema para uma partida e não abrem mão dele. Aqui, os melhores interferem e transformam a estratégia.

    Não é fácil fazer isso em todos os jogos. O exemplo negativo da partida de Buenos Aires é raro neste início de carreira de Rogério. Ele acerta mais do que erra. A montagem da equipe hoje precisa ser detalhada. O Corinthians não encanta, mas sofre poucos gols. Foram apenas onze, sete de bola parada.

    Pablo e Balbuena só foram vazados em quatro das 16 partidas em que atuaram juntos. Infiltrar-se na zaga corintiana exige triangulações.

    Ganhar o clássico e avançar à decisão será importante para a afirmação de Rogério como grande técnico.

    Vencer o estadual, tão desprezado pelo São Paulo nos últimos doze anos, também será simbólico.

    O primeiro troféu desde 2012 pode ser o primeiro tijolinho para construir um novo alicerce.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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