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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Messi x Cristiano é Pelé x Garrincha dos anos 1960

    23/04/2017 02h00

    Messi não será campeão da Liga dos Campeões deste ano. Cristiano Ronaldo pode ser. Se acontecer, haverá o primeiro bicampeão da Liga dos Campeões desde 1990, quando o Milan de Arrigo Sacchi e dos holandeses Gullit, Rijkaard e Van Basten levantou a taça pela segunda vez consecutiva.

    O hipotético bi será a catapulta para Cristiano Ronaldo ser eleito melhor do mundo pela quinta vez. Neste caso, empatará com Messi: 5 a 5 em prêmios Fifa.

    A discussão sobre Messi ser um dia melhor do que Pelé morrerá antes de nascer. Porque, neste caso, o argentino não será nem sequer o melhor de sua época.

    Não de modo unânime.

    Menos ainda de todos os tempos.

    Cinco a cinco em prêmios contra Cristiano Ronaldo fará a discussão sobre quem é melhor, o gajo ou o gringo, tornar-se uma questão de gosto. Eu acho isto e você aquilo...

    Pelé e Maradona não são questão de opinião.

    Cada um foi o melhor do período da história em que atuou.

    Pelé, mais do que isto, é o melhor de todos os tempos.

    Real Madrid e Barcelona entram em campo neste domingo (23), no Santiago Bernabéu, pondo em jogo o título espanhol e fazendo, pela 29ª vez, a história passar diante de nossos olhos. Nos 28 clássicos anteriores em que teve Messi e o Real contou com Cristiano, o Barça venceu 13, empatou sete e perdeu oito.

    Messi é o maior goleador do maior jogo do planeta. Marcou 21 vezes. Mas, se contar apenas o período em que rivalizou com o português, Messi fez 15 e Cristiano Ronaldo, 16.

    Messi x Cristiano é Pelé x Garrincha dos anos 1960. Já imaginou assistir aos dois frente a frente duas vezes por ano, o Rei contra o Anjo de Pernas Tortas, ida no Pacaembu, volta no Maracanã?

    Há nove temporadas isto acontece na Espanha. Cristiano Ronaldo ou Messi marcaram pelo menos uma vez por ano nos clássicos, em cada temporada.

    Nunca houve um 0 a 0 com os dois escalados. O último empate sem gols foi em 2002, embora a final da Copa do Rei de 2011 tenha sido vencida por 1 a 0 pelo Real Madrid, apenas na prorrogação, após 90 minutos sem vencedor.

    Cristiano Ronaldo fez o gol da vitória, de cabeça.

    O clássico não depende dos dois, mas espalhou-se pelo mundo mais do que antes desde que estão cada um de um lado.

    Nos anos 1940, o Barcelona roubou Kubala do Real Madrid, assinando um contrato igual ao que o time da capital havia elaborado. Nos 1950, o Real tomou Di Stéfano, depois de um acordo estranho em que o argentino deveria jogar quatro anos na Espanha, intercalando um ano em cada rival.

    Na Guerra Civil, o Real Madrid pediu para se manter em atividade disputando o Campeonato da Catalunha, proposta aceita por todos, menos pelo Barça. Em 1997, o Barcelona ganhou a Copa do Rei no Bernabéu contra o Betis e o diretor esportivo, Joan Gaspart, pagou o discotecário para tocar o hino culé cinco vezes seguidas.

    O Real nunca mais abriu a porta do Bernabéu para uma final de Copa em que o Barça estivesse envolvido.

    São inúmeros os episódios da rivalidade. Mas ela nunca se espalhou tanto pelo planeta quanto na era Messi x Cristiano. Não vai durar para sempre. Razão para ver enquanto os dois duelam pela coroa.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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