Cuca ainda contará com o lateral Mayke, ex-Cruzeiro, e o zagueiro Juninho, ex-Coritiba no elenco do Palmeiras, agora com 12 contratações em 2017. Desde a chegada de Alexandre Mattos, foram 51. Não foi Cuca quem pediu Mayke e Juninho, mas os dois reforços podem dar versatilidade tática para a montagem de um time diferente do que foi ano passado.

Juninho era desejado desde a metade de 2016. O agente do jogador cresceu o olho e pediu muito dinheiro por sua porcentagem. Por isso, o Palmeiras contratou Luan Garcia, do Vasco. Com a saída de Vítor Hugo para a Fiorentina, Juninho chega para ser zagueiro e, eventualmente, lateral-esquerdo.

Aqui está a chance de Cuca repetir o desenho mais inventivo que já fez, no Botafogo de 2007. Era um 3-4-3, capaz de ser revivido com Juninho numa lateral e Jean na outra, enfiando-se como meia num losango de meio de campo (veja na ilustração abaixo).

Em sua reestreia, Cuca não fez isso, mas já apareceram mudanças em comparação com Eduardo Baptista. A marcação por zona muda e se vê os defensores acompanhando individualmente por boa parte do campo. Assim, Zé Roberto perseguia Yago Pikachu, Felipe Melo acompanhava Nenê, Luís Fabiano era marcado por Mina, com Edu Dracena sobrando como líbero em boa parte das jogadas.

	Folhapress

Na frente, o time joga com menos troca de passes. Cuca não quer a posse de bola de maneira obsessiva. Prefere a marcação por pressão. Depois do desarme, definição em alta velocidade. Foram quatro recuperações de bola na frente nos primeiros 15 minutos, uma delas resultou no pênalti convertido por Jean.

Cuca transforma a escalação dependendo do adversário. Contra o Vasco, jogou com Jean como lateral-direito por 30 minutos, até perceber Douglas ganhando o duelo com Tchê Tchê.

Primeiro gol de Borja

Aos 30 minutos, inverteu. Com Jean no meio, recuperou o controle e chegou ao segundo gol, de Guerra, parceria de Jean e Tchê Tchê pela direita.

Abriu Dudu pela esquerda, o que lhe entregou obrigações defensivas de retornar até a intermediária marcando Gilberto. Ocorre que o Vasco era montado para esperar a equipe de Cuca. Menos vezes Dudu precisou voltar até a defesa.

Milton Mendes teve sucesso no Allianz Parque jogando assim pelo Atlético-PR, em 2015. Naquela campanha, venceu por 1 x 0, com gol de Walter.

Domingo foi diferente, porque o Palmeiras é melhor do que o Vasco tanto no aspecto individual quanto no coletivo. Só que as mudanças táticas, aparentemente invisíveis, levarão tempo para serem totalmente absorvidas. Mudar o sistema de marcação costuma levar tempo. A vantagem desta vez é que dois terços do elenco trabalharam com Cuca ano passado e o conhecem.

Encantam-se e surpreendem-se com os detalhes.

Em 2016, Cuca chegou assustado com as quatro primeiras derrotas. Quando parou de perder, levou todos para Atibaia e anunciou que apresentaria o time para ser campeão brasileiro na estreia do torneio. Trabalhar dez dias com os jogadores fez muita diferença.

Mesmo sem a semana intensa, repetiu o placar da estreia de 2016: 4 a 0. Daquela vez contra o Atlético-PR, agora contra o Vasco.

Daqui a dois dias já haverá decisão contra o Internacional, pela Copa do Brasil.

pvc

É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.