• Colunistas

    Thursday, 02-May-2024 03:38:14 -03
    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Carille é um visionário em uma terra de cegos

    12/06/2017 02h00

    Marquinhos Gabriel arrastou o zagueiro Douglas para sua marcação logo no primeiro lance do clássico. É difícil marcar o Corinthians. Mais ainda com três zagueiros em que sempre um deles sai da defesa para marcar um ponta. Ora era Lucão contra Romero, ora era Douglas contra Marquinhos Gabriel. Até que o Corinthians inverteu os pontas.

    O meia-ponta do Corinthians, Marquinhos Gabriel, deixou o campo aos 25 minutos do segundo tempo, substituído por Clayson. Foi aplaudido.

    Uma conquista de Fábio Carille, que dois meses atrás afirmou que não iria desistir de nenhum jogador.

    Não desistiu de Marquinhos Gabriel nem de Giovanni Augusto, de quem boa parte da torcida já havia desistido.

    Fábio Carille não é apenas um técnico capaz de fazer um time desacreditado ganhar o Campeonato Paulista e liderar o Brasileirão.

    Seus méritos passeiam pela capacidade de se comunicar e são visíveis para quem presta atenção. Depois de dizer que não desistiria de ninguém e de recuperar Marquinhos Gabriel, afirmou que, entre ganhar um novo contratado durante o Brasileirão ou não perder nenhum jogador durante a campanha, prefere não perder ninguém.

    Fábio Carille é um sábio, um visionário numa terra de cegos que vão ao aeroporto comemorar contratações, em vez de esperar o fim do ano para ir ao mesmo lugar receber o time campeão.

    Ontem, Rogério Ceni não conseguiu ser tão estrategista quanto foi contra o Palmeiras. Não se pode pedir que o técnico seja decisivo sempre e a atenção só se volta a Rogério por ser quem é. Jogar com três zagueiros, com um deles saindo à caça na ponta, sempre pode abrir espaços.

    Romero encontrava os lugares certos quando se infiltrava da ponta para o meio. O primeiro gol nasceu assim aos 6 minutos (veja a ilustração).

    O São Paulo reagiu em uma bola parada.

    Dos cinco gols sofridos pelo Corinthians no Brasileirão, dois foram fruto de cobranças de faltas e quatro pelo alto. Como o de Gilberto, de cabeça, depois do lançamento desde a intermediária.

    O Corinthians agora tem a bola. No início do ano, sofria sempre que precisava jogar com mais tempo de posse do que o adversário. Não tem sido mais assim. No clássico, teve 56% de controle. Equilibrou os momentos de desarmes com as trocas de passes.

    Sem Fágner, a saída de jogo não se dá pela direita. Paulo Roberto foi apenas o terceiro em número de passes certos.

    Desde 2015, quando o Corinthians vai bem, o lateral direito tem o maior ou o segundo maior número de passes certos, porque as jogadas nascem ali. Sem Fágner, saem por Arana ou por Gabriel.

    O São Paulo vai ser forte. Mas ainda precisa resolver seu jeito de jogar como visitante. Dos seis jogos do Brasileirão, só nos clássicos não teve mais posse de bola. Foi assim contra o Palmeiras e funcionou. Tirar a bola do rival serviu para obrigá-lo a errar.

    Repetir isto contra o Corinthians, antes da partida, até parecia ser o melhor caminho. Porque o Corinthians era o time que não gostava da bola. Isto está se corrigindo. Na vitória contra o Vasco, fez gol depois de 63 segundos de 25 trocas de passes. O Corinthians melhora a cada treino.

    Folhapress
    Campinhos PVC - 12.06.2017

    EVOLUÇÃO

    Cuca lamentava não ter jogadores que permitissem jogar como gosta, desarmando na frente e definindo rápido. Contra o Fluminense, no sábado, já esteve mais perto de o Palmeiras ter isso. Dos 26 desarmes, 24% aconteceram do meio de campo para frente. O arrastão está voltando.

    OS OUTROS

    Dos dez jogos da seleção brasileira sob comando de Tite até hoje, dez foram contra rivais sul-americanos. Muito importante enfrentar a Austrália, que perdeu dez vezes desde a Copa do Mundo. Melhor seria enfrentar a França. Mas é bom jogar contra um rival de outro continente, outra escola.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024