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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Problema do Palmeiras é não ter projeto para crescer e ser forte

    18/06/2017 02h00

    Robson Ventura/Folhapress
    Keno comemora o segundo gol do Palmeiras. contra o Fluminense, na 6ª rodada do Brasileiro
    Keno comemora o segundo gol do Palmeiras. contra o Fluminense, na 6ª rodada do Brasileiro

    A folha de pagamento do Palmeiras está perto de alcançar R$ 13 milhões mensais e contrasta com as dez derrotas, uma a cada três partidas em 2017. A soma das duas coisas transformou o ambiente das alamedas do clube social, de onde o presidente Maurício Galiotte despacha diariamente.

    Mesmo com apoio do Conselho Deliberativo, Maurício já sabe que há críticas duras e diretas a seu modo de agir. A principal é o crescimento do custo.

    O endereço das críticas muitas vezes é equivocado. Não é o caso de demitir o diretor Alexandre Mattos, como uma parte do conselho grita.

    Só que Mattos não pode governar sozinho a Academia de Futebol, o Centro de Treinamento do Palmeiras. Na gestão Paulo Nobre, o presidente estava presente no dia a dia dos jogadores. Com Galiotte, é diferente. Seu escritório é o clube social. Vai à Academia nas vésperas de jogos.

    Uma parte do conselho cobra a presença mais ativa do presidente ou a escolha de um vice-presidente para ser o olho do dono na Academia. É discutível.

    Indiscutível é que o Palmeiras criou uma bolha e saiu das trevas das brigas contra o rebaixamento para parecer insuperável depois de conquistar uma Copa do Brasil e um Brasileiro, apenas. O crescimento baseado num modelo velho de contratações caras e no dinheiro da Crefisa não sobreviverá se não for elaborado um plano estratégico de médio prazo.

    O projeto Palmeiras não pode ser o de ter um diretor-executivo que contrata como um trator, nem o de apostar no dinheiro que caiu do céu de uma patrocinadora milionária e autoritária.

    Se contratar Richarlison, o Palmeiras terá feito duas das cinco maiores contratações da história, no Brasil, em seis meses. Só aconteceu isto com o Corinthians de Tévez e Nilmar, na época da MSI. E com Edmundo e Edílson, no Palmeiras da era Parmalat.

    O fim das duas relações com patrocinadores pesados terminou em rebaixamento. Entre MSI e Parmalat, havia outro ponto em comum: acreditou-se que o projeto era o dinheiro. Nunca é.

    Maurício Galiotte tem uma resposta padrão, quando ouve observações sobre o que precisa melhorar no Palmeiras: "Vamos nesse caminho." Nos primeiros seis meses de mandato, o Palmeiras disputou 31 partidas oficiais e perdeu dez. A principal razão do desequilíbrio é a mudança de rumo, com dois técnicos que pensam suas equipes de maneira radicalmente oposta.

    O maior problema não será o de investir em 12 reforços em 2017 e terminar o ano sem ganhar nenhum título, risco real pelo desempenho ruim, pela dificuldade imposta pelos sorteios da Copa do Brasil e Libertadores e pela distância de 12 pontos para o líder do Brasileiro.

    O problema é não ter um projeto para crescer ano após ano e ser forte por décadas, como não conseguiu depois da Parmalat. O plano inclui controlar os custos, ter time forte com folha de pagamento aceitável –hoje é abusiva–, revelar seus ídolos e não ficar à mercê do mercado que só indica jogadores médios.

    O Palmeiras contratou 53 jogadores desde 2015, mas só um foi capaz de resolver jogos quase sozinho: Gabriel Jesus. Nasceu na Academia 2, o Centro de Treinamento da rodovia Ayrton Senna, das divisões de base.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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