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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Não é possível eleger o melhor time do Brasil uma vez por mês

    26/06/2017 02h00

    Divulgação/Rodrigo Gazannel/Agência Corinthians
    Corinthians vence Grêmio em Porto Alegre (RS).
    O meia Jadson comemora gol que deu vitória ao Corinthians sobre o Grêmio em Porto Alegre

    O primeiro desafio do Corinthians era marcar o melhor jogador do Brasileirão, Luan, sem ter seu volante titular. A marcação corintiana é por zona, mas o natural é que o cabeça-de-área se encontre com o meia centralizado muitas vezes.

    Paulo Roberto foi escolhido para substituir Gabriel e cuidar de Luan, mas o primeiro sinal foi de que poderia se dar bem. Um desarme no campo de ataque e a infiltração até ameaçar Marcelo Grohe com uma finalização torta.

    A vitória do Corinthians nasceu exatamente dos dois jogadores que se cruzaram o jogo todo. Paulo Roberto escapou pela esquerda, Luan não desarmou e a bola chegou para Jadson finalizar. Lembrou a finalização de Marcelinho, gol do título da Copa do Brasil de 1995.

    A missão de Paulo Roberto não era fácil. Não é simples acompanhar Luan. Ele não é um 10. Não no sentido que ainda se procura no futebol brasileiro. Na história, havia o camisa 10 meia-armador, como Gérson, e o ponta-de-lança, como Zico. Luan não tem a característica de nenhum deles, mas é ponta-de-lança.

    Dos bons. Se o volante adversário para na sua frente, busca o espaço. Enquanto Paulo Roberto o domava, Pedro Rocha aparecia do lado esquerdo, no corredor de Fagner (veja ilustração). Até Luan descobrir as costas de Fagner e criar chance de gol, num passe para Geromel finalizar.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O Corinthians marcou e abdicou de ter a posse de bola. O Grêmio criou com Michel, Arthur, Luan, Pedro Rocha... Imaginava-se este desenho do jogo.

    Não diremos aqui que o Corinthians soube sofrer, porque esse novo clichê do futebol brasileiro significa tomar sufoco e vencer. Não saber sofrer é quando se leva um baile e se perde. O Corinthians não levou um baile. Marcou. Acima de tudo, marcou.

    Exemplo de que era marcação por zona e que nem sempre funcionou apareceu aos 19 minutos do segundo tempo, quando Luan foi perseguido até o meio-campo por Paulo Roberto. A bola passou e Luan também. Pedro Rocha ganhou de Fagner e Luan finalizou da risca da pequena área, com Arana -não Paulo Roberto- tentando interceptar o passe.

    Cássio tirou essa. Depois, salvou o pênalti também.

    Divulgação/Agência Corinthians
    Paulo Roberto dribla Geromel e invade a área do Grêmio antes de finalizar para defesa de Grohe
    Paulo Roberto dribla Geromel e invade a área do Grêmio antes de finalizar para defesa de Grohe

    O goleiro tinha de ser fundamental numa partida cujo primeiro tempo terminou com 48% de posse de bola corintiana e o segundo tempo teve 42%.

    O Grêmio passou nos últimos quarenta dias a impressão de ser o time mais envolvente do Brasil. Mas não conseguiu superar a defesa corintiana.

    Há uma tentação neste país que vende jogadores e muda elencos a cada semestre de encontrar o melhor time do país. O Grêmio chegou a ser chamado assim. Mas é como o nome do álbum do Titãs, de 2001, "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana."

    Não é possível eleger o melhor time do Brasil uma vez por mês. O melhor time do Brasil não existe.

    Também não é o Corinthians, que tem uma diferença enorme em relação a todos os demais. Desde 2008, escolheu um estilo.

    Isso aparece quando os técnicos respeitam esta história, de Mano Menezes, de Tite, de Fábio Carille. Com Cristóvão, com Oswaldo de Oliveira e com Tite em crise, 2013, o Corinthians levava mais do que um gol por partida. Neste ano, a lógica de seu estilo de jogo voltou.

    NÃO MELHOROU

    Os primeiros trinta minutos do São Paulo foram ótimos. Rogério mudou para linha de quatro homens e serviu para Marcinho e Denilson fazerem parcerias com Araruna e Júnior Tavares. O time merecia o segundo gol. Levou o empate, porque o Fluminense equilibrou. E porque Wendel é ótimo.

    REAÇÃO

    Cuca tem razão quando analisa os números com sabedoria. Nunca o campeão fez 73 pontos. Então, quem fizer 74 pontos será campeão, se a história do campeonato não mudar. O Palmeiras ainda tem dez pontos a menos do que o líder. Mas tem seis para tirar em confrontos diretos.

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    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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