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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Futebol brasileiro não acabou e nem será campeão do mundo amanhã cedo

    03/09/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Renato Augusto na coletiva da seleção olímpica em Brasília (DF); o Brasil estreia nos Jogos Olímpicos no dia 04, contra a África do Sul
    O meia Renato Augusto durante entrevista coletiva da seleção olímpica em Brasília

    Tite admitiu depois do jogo contra o Equador que se preocupa mais em criar variações táticas, daqui até a Copa do Mundo, do que em procurar novos jogadores. Mais do que testar alguém para uma emergência, em caso de lesão, o técnico pretende entender como evitar o bloqueio de sua saída de jogo.

    A seleção funciona como o Corinthians de 2015. Os índices de passes certos têm os dois laterais como recordistas. O Guaraní do Paraguai bloqueou Fágner e Fábio Santos, lembra?

    O Equador também complicou a seleção marcando Marcelo e Daniel Alves. O lateral-direito foi mal.

    "Sim, precisamos criar alternativas para a saída de jogo", respondeu Tite, sexta-feira (1º) de madrugada.

    O primeiro tempo ruim se contrapôs ao segundo tempo com vitória. A partida difícil não diminuiu o otimismo exagerado.

    Há 14 meses, quando Dunga foi demitido, a catástrofe era estampada em manchetes e comentários, que tratavam do fundo do poço do futebol brasileiro. Não havia mais grandes jogadores, exceto Neymar. A geração era fraca e a seleção não estava mais na elite.

    Depois de nove vitórias em jogos oficiais sob o comando de Tite, fala-se sobre a liderança do ranking da Fifa, aponta-se o Brasil como favorito à conquista da Copa do Mundo, exalta-se a qualidade de jogadores como Philippe Coutinho e Gabriel Jesus, além de Neymar.

    Nem o futebol brasileiro tinha acabado, nem há a certeza de que ganhará a Copa do Mundo no ano que vem. "Somos candidatos, não favoritos", diz Renato Augusto, com sabedoria. "Estamos no bolo", ele completa.

    Refere-se a um grupo de seleções que se equilibram.

    A França goleou a Holanda, mas perdeu da Suécia, que perdeu da Bélgica. Esta perdeu da Itália, que caiu contra a França.

    A Alemanha é campeã do mundo e da Copa das Confederações, está invicta em 2017, mas perdeu da França, da Inglaterra e da Eslováquia no ano passado.

    A Holanda foi uma das grandes seleções da Copa do Mundo, há três anos, não se classificou para a Eurocopa, eliminada pela Islândia, e está perto da desclassificação do Mundial da Rússia -está em quarto lugar na chave de França, Bulgária e Suécia.

    O 7 a 1 segue sendo tratado como se mostrasse o abismo entre o futebol brasileiro e o alemão, sem perceber que buraco seria menor se não houvesse questões emocionais envolvidas na Copa do Mundo de 2014. Os alemães venceram a Argélia na prorrogação e a França por 1 a 0, suando sangue.

    "Estamos no bolo. Somos candidatos e não favoritos". Renato Augusto é a voz da sabedoria.

    Os próximos passos da seleção são a criação de alternativas táticas e os amistosos contra seleções europeias. Insuficientes, porque o Brasil perdeu dois anos com Dunga. Mas necessários, para saber em que patamar o time de Tite se encontra.

    Se a Inglaterra confirmar a classificação e a Holanda a desclassificação nesta semana, podem ser adversárias em novembro. Em março, há amistoso confirmado contra a Alemanha e a CBF quer jogar contra a Rússia. "Se conseguirmos, será um golaço", diz Edu Gaspar.

    Ainda vai faltar fazer o país encontrar o meio termo. Nem o futebol brasileiro acabou, nem vai ser campeão do mundo amanhã de manhã.

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    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
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