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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    São Paulo segue à risca a cartilha do rebaixamento

    17/09/2017 02h00

    Léo Pinheiro/FramePhoto/Folhapress
    O atacante Lucas Pratto na partida contra a Ponte Preta, em que o São Paulo empatou em 2 a 2 no Morumbi, neste sábado
    O atacante Lucas Pratto no Morumbi

    O São Paulo não venceu nenhum confronto direto com quem briga contra o rebaixamento, desde que Dorival Júnior assumiu o cargo, há dois meses. Empatou com o Atlético-GO, Avaí e Ponte Preta, perdeu do Coritiba e do Bahia. Hoje enfrenta o Vitória. Tem de vencer.

    Numa das últimas reuniões de Rogério Ceni com a diretoria, ele avisou que pretendia substituir o goleiro Renan Ribeiro. Quem ouviu julgou que o treinador estava perdido e isto ajudou na demissão.

    A troca do goleiro foi feita por Dorival Júnior. Também foram trocados os dois laterais, Petros deixou de ser segundo volante, Marcos Guilherme entrou, Cueva saiu.

    O São Paulo muda tudo todo dia.

    Nesta semana, a notícia foi Muricy Ramalho consultor. Desde 2009, o São Paulo soma 14 técnicos, dez diretores de futebol e três presidentes.

    A cartilha do rebaixamento, seguida à risca no Morumbi, foi repetida por grandes clubes do planeta.

    "Cartão vermelho aos mercenários". A faixa estava na torcida do Palmeiras no dia 26 de outubro de 1980, quando o clube terminou a pior campanha de sua história no Paulista, condenado a disputar a Taça de Prata.

    Era uma espécie de Série B. Apesar de dar acesso à Série A no mesmo ano, produziu gritos de "ão, ão, ão, Segunda Divisão".

    O Corinthians também viajou para o inferno em 1982, mas voltou no mesmo ano com a Democracia Corintiana.

    Na Itália, por duas décadas, repetia-se que só Juventus e Inter de Milão não haviam sido rebaixadas, até que a Juve caiu, condenada por fabricar escalas de arbitragem. Só a Inter está invicta.

    Na Alemanha, só o Hamburgo. Na Espanha, Real Madrid, Barcelona e Athletic Bilbao nunca caíram. Na Argentina, só o Boca Juniors. Na França, todo mundo já jogou a Ligue 2, como na Inglaterra, onde o Arsenal é quem está na elite há mais tempo, desde o retorno em 1919, num arranjo para formar a nova liga depois da 1ª Guerra Mundial.

    Não é privilégio do Fluminense voltar pela porta dos fundos. Foi assim com o Arsenal, também.

    Também com o Santos e com o Vasco, vice-campeões brasileiros de 1983 e 1984, anos em que disputariam a Taça de Prata. Convidados, foram à final do Brasileiro.

    A discutida unificação dos títulos brasileiros, de 1959 para cá, faz com que não exista nenhum clube presente em todas as edições. Neste aspecto, o Brasileiro ficou igual ao Francês e ao Inglês. Todos já quebraram a cara.

    De 1971 para cá, só Cruzeiro e Flamengo disputaram todas as edições, porque Santos e São Paulo preferiram não jogar em 1979.

    Todos já foram ao inferno, mas poucos percebem, porque nossa cultura ainda é dos Estaduais. Neles, havia os clubes iô-iô, que subiam e desciam, como Noroeste e Paulista. Os grandes sempre disputavam o título.

    Só que não.

    Porque se houvesse troféu nacional desde 1902, quantas vezes o Corinthians poderia ser ameaçado pelo rebaixamento no período de fila de 23 anos?

    Trocamos os jejuns pelo rebaixamento. Em vez de passar anos sem taças, agora o Estadual salva a má impressão e o Brasileiro condena.

    Antigamente, quem trabalhava mal, passava muitos anos sem títulos. Hoje, é pior. Além da seca, a queda.

    O São Paulo não foge à regra.

    pvc

    pvc

    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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