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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Brasileiro vê na ausência de torcedores entrave para ser empolgante

    01/10/2017 02h00

    Flavio Tavares/Jornal Hoje Em Dia
    MG/BELO HORIZONTE/27-09-2017/ESPORTES/CRUZEIRO X FLAMENGO, PELA FINAL DA COPA DO BRASIL 2017. FOTO: FLAVIO TAVARES/JORNAL HOJE EM DIA ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS**
    Mineirão teve recorde de público na partida final da Copa do Brasil entre Cruzeiro e Flamengo

    O Corinthians jogará neste domingo (1º) contra o Cruzeiro com Mineirão quase vazio, bem diferente de quarta-feira, quando o campeão da Copa do Brasil proporcionou recorde de público desde a reinauguração do estádio.

    O técnico Mano Menezes e o meia Thiago Neves prometem dificultar a vida corintiana e fazer boa campanha até o final do ano. Mesmo com o título da Copa do Brasil e vaga na Libertadores, o compromisso é vencer o returno.

    Mas o entusiasmo da torcida varia de acordo com a ocasião. Quarta-feira à noite, o Mineirão pulsava. As torcidas de Cruzeiro e Flamengo não paravam de gritar e agitar bandeiras.

    Desta vez, o Corinthians verá o contraste e terá um jogo em ambiente favorável. A média de público do Cruzeiro no Brasileiro de 18 mil. O adversário será difícil, mas não haverá hostilidade.

    O Brasileiro continua tendo na ausência de espectadores um dos entraves para ser um campeonato empolgante. Estádio cheio sempre atrai patrocinadores e convence jogadores a permanecerem aqui.

    Neste ano, houve 38 transferências para o exterior de atletas que iniciaram a campanha.

    Nos grandes campeonatos do mundo, há público grande sempre, para ver os maiores times.

    No Brasil, prevalece a impressão de que antes havia estádio cheio e hoje os campos estão vazios. Debruçar-se sobre os dados históricos indica que não é verdade.

    Corinthians e Cruzeiro jogaram para 10 mil pessoas no Pacaembu, em 1978, e para 6 mil, em 1990. São dois exemplos. Aqui, sempre houve público grande em jogo grande, público pequeno em jogo pequeno. A partida sem interesse podia ser um clássico Cruzeiro x Corinthians, mesmo com o líder do Brasileiro enfrentando o campeão da Copa do Brasil, como neste domingo.

    O interesse do cruzeirense neste ano era um título nacional e a vaga na Libertadores. Para garanti-los, a torcida lotou o Mineirão quarta-feira. Com os objetivos alcançados, esvazia o estádio no domingo.

    O recorde de espectadores no novo Mineirão, com 61.017 presentes, foi também o segundo maior público do país neste ano, a 15ª partida em 2017 com mais de 50 mil pessoas. Parece pouco.

    Entre 1971 e 1999, ano do último Maracanã com 100 mil espectadores, houve 339 partidas com mais de 50 mil pessoas no Brasileiro. Em média, 11 por campeonato. O Brasileirão atual tem 380 jogos. Em 1979, foram 539.

    Criou-se uma mentira que, repetida cem vezes, parece verdade. A de que há um plano de elitização que afasta os torcedores.

    No Brasil não há nem dirigentes organizados para elaborar um projeto maquiavélico assim. Além disto, os estádios não estavam cheios antes. Basta olhar as médias de público de 1902 a 2000 para perceber isto.

    Desde 1999, não havia três clubes com média de público superior a 30 mil torcedores. Corinthians, São Paulo e Palmeiras têm. Em comum, o trio possui planos de sócios com prioridade para quem vai a todas as partidas.

    O Cruzeiro não tem. Por isso, o sócio proporciona recorde de público no jogo grande e desaparece no domingo.

    Sorte do Corinthians. Sem Jô e em declínio, é muito melhor enfrentar o campeão da Copa do Brasil com as arquibancadas à meia carga.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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