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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Brasileiro é de quem contra-ataca melhor, não de quem ataca

    02/10/2017 02h00

    Rodrigo Gazzane. / Ag. Corinthians / Divulgacao
    Os jogadores corintianos Fagner e Clayson durante atividade no CT Joaquim Grava, em São Paulo

    O Brasileiro foi vencido pelo melhor ataque nas suas últimas quatro edições. Ainda que seja necessário notar que o Cruzeiro de 2013 e o Corinthians de 2015 tiveram também a defesa menos vazada, o maior número de gols decidia o campeão, como aconteceu no início da história dos pontos corridos, de 2003 a 2005. O São Paulo de Muricy, em 2006, iniciou uma época em que não sofrer gols era mais decisivo.

    Este ano tem apenas um candidato ao título, o Corinthians, dono da melhor defesa. Os dois postulantes à grande zebra, Santos e Grêmio, têm o segundo e o terceiro melhor sistemas defensivos.

    Não que o Corinthians de hoje não sofra. Em sete rodadas do returno, o Corinthians levou gols em cinco. Só não foi vazado contra o Vasco e a Chapecoense. Ainda que pareça uma ingênua simplificação, o Corinthians continua tendo melhores resultados quando entrega a bola ao adversário do que quando tenta construir o jogo.

    No Mineirão, precisou ter o controle do jogo. Empatou. De catorze partidas com esta característica, o líder venceu seis.

    Não é ruim.

    "Não é gordurinha. É uma gordurona", disse Carille depois do empate, no Mineirão.

    Está certo. Nunca quem teve oito pontos de vantagem sobre o segundo colocado perdeu o título.

    Mas há problemas.

    No Mineirão, Carille escalou Jadson pelo lado direito, como jogava o time que não perdia, no primeiro turno. Mas Jadson acompanha menos o lateral adversário do que Romero.

    A jogada do gol cruzeirense, na primeira etapa, nasceu com Alisson entregando a Diogo Barbosa, dois contra Fagner (veja abaixo). Diogo fez o cruzamento na cabeça de Rafinha, com o auxílio da baixa estatura de Arana, que perdeu de cabeça para o cruzeirense.

    O Corinthians precisou jogar com a bola no pé no segundo tempo. Nem ameaçou demais, mas conseguiu o empate num pênalti cometido pelo bom zagueiro Murilo.

    A segunda melhor defesa do Brasileiro, a do Santos, jogou atrás durante todo o segundo tempo, no sábado (30) à noite. Não era retranca. Apenas não conseguia sair e pretendia o contra-ataque. Levir Culpi escalou Matheus Jesus, um dos destaques da partida. Dele saía o primeiro passe e também o desarme. Muitas vezes, nascia nele o contra-ataque.

    Arma letal contra o Palmeiras, que jogou melhor do que contra o Fluminense e o Coritiba.

    O Santos de Levir Culpi, candidato a incomodar o líder -ou a fazer cócegas nele, por ser improvável tomar-lhe a liderança- funciona pela velocidade de Bruno Henrique, pelos gols de Ricardo Oliveira e pela rapidez na transição da defesa para o ataque.

    Não é mais da troca de passes, mesmo tendo a terceira melhor média de posse de bola.

    Mas em um campeonato em que 73% das vezes quem tem mais a bola não vence o jogo, o Santos faz o script correto. Usa a velocidade de Bruno Henrique e os gols de Ricardo Oliveira.

    Dificilmente vai dar tempo de ganhar o título.

    O problema é entender por que o Brasileiro é o campeonato de quem contra-ataca, não de quem ataca.

    É a tendência do momento, ano que vem pode ser diferente. Mas parece claro que os times pensam mais em bloquear o talento adversário do que em explorar a fragilidade do rival.

    MEIA-CARGA

    Foi bom o público no Mineirão, que teve menos da metade do da decisão da Copa do Brasil. Foram 26 mil pagantes, oito mil a mais do que a média cruzeirense. Estádio lotado em jogo do tamanho do deste domingo só com plano de fidelidade, como têm Corinthians, São Paulo e Palmeiras neste Brasileiro.

    O AR QUE CORTA

    Os abraços emocionados depois da vitória sobre o Sport que tirou o São Paulo da zona do rebaixamento evidenciam como a tensão da briga contra a queda atrapalha. Luta-se pela parte tática e pela emocional. O time controlou o jogo, mas sofreu contra-ataques. Foram doze finalizações do Sport. Oito do Tricolor. O São Paulo sofre. Mas escapa.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Campinho PVC 02.out.2017

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
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