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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Renato Gaúcho pode ser o Alex Ferguson dos Pampas

    20/11/2017 02h00

    Jefferson Bernardes/AFP
    Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
    Renato Gaúcho durante jogo do Grêmio na Libertadores

    Conta-se que muitas vezes Alex Ferguson nem ia ao campo para os treinos do Manchester United. Montava o trabalho e os assistia de sua sala, pelo sistema de vídeo do clube. Foram 28 técnicos abaixo de Ferguson em seus 26 anos no United. Sete auxiliares diretos, de Archie Knox, de 1986 a 1991, a Mike Phelan, de 2008 a 2013.

    A final da Libertadores entre Grêmio e Lanús começa nesta quarta-feira (22) e não tem um sósia de Ferguson. Mas a confiança de Renato Gaúcho em um de seus auxiliares é enorme.

    Se Ferguson não ia aos treinos, Renato vai. Diariamente pisa o gramado e define como será o treinamento. Mas o que Alexandre Mendes diz, Renato escuta.

    Quando Luxemburgo dizia que Ferguson não dava treinos e podia fazer o mesmo, esquecia-se do que tinha de mais precioso. Todos os jogadores treinados por Luxemburgo nos anos 1990 dizem que nunca tiveram um treinador tão perfeito taticamente.

    Renato é diferente. É carisma. Mas estar no campo reforça a crença dos jogadores de que ele os conhece em todos os momentos.

    Editoria de Arte/Folhapress
    PVC

    Mais parecida do que a relação de Ferguson com seus assistentes, a de Renato Gaúcho com Alexandre Mendes assemelha-se à do tempo em que Jurgen Klinsmann era o técnico da Alemanha e Joachim Löw, seu auxiliar.

    Klinsmann incomodava-se quando dizia-se que era apenas o motivador e Löw era o responsável pela parte tática. O técnico campeão mundial de 2014 também rejeita este rótulo.

    Mendes ajuda Renato a dar a compactação que falta a muitos times brasileiros. No primeiro jogo da semifinal, contra o Barcelona, em Guayaquil, o Grêmio deu espetáculo, mas recuou e aproximou suas linhas defensivas depois de fazer 1 a 0, aos 8 minutos.

    Formavam-se duplas para evitar que o rival equatoriano chegasse à linha de fundo pelas pontas. Pela direita, Ramiro recuava, dava apoio a Edílson e contava com o auxílio de Arthur.

    Pela esquerda, o trio era formado pelo lateral Cortez, o ponta Fernandinho e o volante Jaílson.

    Quando recuperava a bola, o Grêmio brilhava. Sem ela, bloqueava espaços quase à perfeição. Quase, porque num cruzamento da direita, Ariel finalizou e obrigou Marcelo Grohe a fazer a mais impressionante defesa desta Libertadores.

    O Grêmio não terá vida fácil contra o Lanús. O clube da periferia de Buenos Aires entrou na Libertadores como campeão argentino ""o Boca conquistou o torneio seguinte, concluído em junho.

    Tem tradição na América do Sul, com um título da velha Copa Conmebol e outro da Copa Sul-Americana. Joga num 4-3-3, com os pontas recuando quando perdem a bola e formando uma linha de cinco no meio-de-campo.

    Edílson terá trabalho para marcar Lautaro Acosta, atacante pela esquerda, que entra em diagonal e faz gols. Não se resume ao lado esquerdo. Sabe fazer o pivô e, pelo meio, pode deixar o centroavante Sand na cara do gol.

    A decisão não é fácil.

    Se o Grêmio vencer, Renato parece disposto a permanecer. Pensa em alugar uma casa, montar uma quadra de futevôlei e fixar residência em Porto Alegre, o que não faz desde que se transferiu para o Flamengo, em 1986. Gaúcho de Ipanema, Renato pode ser o Ferguson dos Pampas.

    *

    O SÉTIMO
    Renato Gaúcho pode se tornar o sétimo homem a ganhar a Copa Libertadores como jogador e depois treinador. Se vencer, ficará na galeria ao lado dos uruguaios Luis Cubilla e Juan Mujica, dos argentinos Omar Pastoriza, Humberto Maschio, Nery Pumpido e Marcelo Gallardo.

    O RETRATO
    Não está claro o que acontecerá no fim do ano, mas o mercado de técnicos ficará quente. Roger Machado pode assumir o Inter, que também pensa em Abel. Mas esse pode trocar o Fluminense pelo Palmeiras. Isso se a direção verde não confiar em Alberto Valentim, o que pode acontecer ainda.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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