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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    O Palmeiras precisa escolher um jeito de jogar e trabalhá-lo

    26/11/2017 02h00

    Cristiane Mattos/Reuters
    Rogber Machado orienta a equipe do Atlético-MG durante jogo contra o Godoy Cruz, pela Libertadores
    Rogber Machado orienta a equipe do Atlético-MG durante jogo contra o Godoy Cruz, pela Libertadores

    É injusto dizer que a escolha de Roger Machado aconteceu por pressa ou pela possibilidade de Abel Braga fechar com o Internacional. O Palmeiras sabia que a prioridade de Abel seria mudar-se para São Paulo se tivesse chance de dirigir o Palmeiras.

    Roger Machado é uma escolha corajosa porque significa a opção por um estilo. Abel facilitaria a vida da direção. É o nome mais forte, carrega uma couraça de aço. Por possuir o maior currículo disponível no mercado, campeão da Libertadores e mundial, seria simples explicar sua escolha.

    Mas não traria o jeito de jogar eleito para o Palmeiras a partir de 2018.

    Você tem lido aqui que, ao Palmeiras, sobra dinheiro, mas que isto não é tudo. É preciso escolher um jeito de jogar e trabalhá-lo, como o Corinthians faz há dez anos.

    O Palmeiras quer ter seu rosto. E pretende ser mais bonito. Uma Academia moderna.

    "Marcação por zona, time moderno, agressivo, que tenha a bola, com transição rápida", diz o presidente Maurício Galiotte. "Tudo isso foi discutido", afirma o dirigente.

    Roger Machado fez isso no Grêmio e não conseguiu repetir no Atlético-MG. Em Belo Horizonte, argumenta-se que recebeu liberdade para que retirasse da equipe jogadores que não competem, não marcam no campo de ataque, como Robinho, Cazares e Fred. Roger não os tirou do time, por falta de coragem ou de melhor alternativa.

    No Palmeiras, seu compromisso é fazer o time recuperar a bola no ataque, saber jogar em 30 metros tanto na defesa, quanto para se desvencilhar de marcações fechadas.

    Roger Machado não é unânime.

    Cuca era, quando voltou em abril. Em agosto, havia quem gritasse "fora, Cuca!"

    Com Roger pode acontecer o inverso. Criticado na chegada, será exaltado se a qualidade do futebol aparecer rapidamente e se os resultados chegarem. "Temos estrutura, processos, capacidade de investimento, tudo... Não criamos uma maneira de jogar com o Cuca, Marcelo Oliveira, Oswaldo... Falta isso. Vamos trabalhar para que o Roger nos dê", diz Alexandre Mattos.

    O Palmeiras lidera a lista dos clubes sem taças e abaixo da expectativa neste ano. Dos grandes, só Corinthians e Cruzeiro têm títulos indiscutíveis em 2017. O Grêmio pode ganhar a Libertadores, quarta-feira. O Flamengo ainda tem chance. O Atlético foi campeão estadual e os demais passarão em branco: Santos, São Paulo, Vasco, Botafogo, Fluminense e Internacional.

    A diminuição do valor dos Estaduais condena, anualmente, seis clubes grandes a passar o Natal de mãos vazias. O caso do Palmeiras é particular. A riqueza do patrocinador parece certeza de sucesso. Não é.

    É necessário trabalhar bem para colher resultados.

    Nos últimos 20 anos, esta foi apenas a quinta vez que o Palmeiras terminou o Brasileiro entre os quatro mais bem classificados. Foi vice em 1997, quarto colocado em 2004 e 2008, campeão em 2016.

    Um clube gigante não pode passar tanto tempo com resultados inexpressivos. Isto vale para o São Paulo desde 2008, para o Santos, sem título nacional ou internacional desde 2012.

    Vale para o Palmeiras. Não é preciso decidir como será o ano que vem. É preciso decidir como serão os próximos 20 anos.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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