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    PVC - Paulo Vinicius Coelho

    Gols de Neymar diminuem na medida que jogadas decisivas aumentam

    31/12/2017 02h00

    Loic Venance/AFP Photo
    SAO PAULO/SP BRASIL. 17/12/2017 Show de Pablo Vittar em uma loja na Rua Augusta.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ILUSTRADA)***EXCLUSIVO***
    Neymar comemora gol marcado pelo Paris Saint-German contra o Rennes, pelo Campeonato Francês

    Neymar não passou nem perto de ser o maior goleador do planeta neste ano. Não é um problema. Mas a surpresa foi descobrir que desde 2009 o artilheiro anual sempre era Cristiano Ronaldo ou Messi e o sucessor no trono não foi o craque que o Brasil sonha ver melhor do mundo. Foi o inglês Harry Kane.

    O atacante do Tottenham é um tanque. Mas não um centroavante típico. Veste a camisa 10 e movimenta-se pelos dois lados do ataque. Dá opção de jogo.

    Foram 56 gols no ano para o centroavante do Tottenham, 54 para Messi, 53 para Cristiano Ronaldo, Lewandowski e Cavani. Fora estes, só o gabonês Aubameyang, do Borussia Dortmund, superou a casa dos 40 gols. Alcançou 46. Neymar fez 34.

    A cada ano que passa, Neymar é menos goleador e mais passador. Oferece mais passes decisivos para seus companheiros do que completa jogadas e balança a rede.

    Cristiano Ronaldo não termina uma temporada europeia, de agosto a maio, com menos de 40 gols, desde 2010. Messi, desde 2009. Não se cobra de alguém que atinja números extraordinários. A questão é outra. Nos tempos de hoje, dez anos em que o melhor do mundo faz mais de quarenta gols, pode o jogador do ano não ser um artilheiro?

    A resposta é: sim.

    O último brasileiro eleito melhor do mundo foi Kaká. Sua plataforma de lançamento para o prêmio foi a trajetória brilhante do Milan, campeão da Liga dos Campeões em maio de 2007.

    Kaká foi o artilheiro do time na temporada, mas fez apenas 18 gols. Não chegou aos trinta. Era a referência da equipe, não um grande definidor.

    A temporada de mais gols de Neymar foi a de 2012, com 43. Era jogador do Santos, campeão paulista e semifinalista da Libertadores. Pelo Barcelona, seu recorde foi 39, entre agosto de 2014 e maio de 2015.

    Em dezembro de 2016, virou recordista de passes para gols em um ano solar, janeiro a dezembro: 32.

    O número de gols diminui na mesma medida em que as jogadas decisivas aumentam. Neymar foi líder de passes para gols na Liga dos Campeões de 2017, é vice-líder na edição atual, foi vice-líder no Campeonato Espanhol de 2017 e lidera a tabela de assistências do Campeonato Francês.

    O número de gols diminuiu junto com todos os coadjuvantes de Cristiano Ronaldo e Messi. Neymar fez 34 gols em 2017, como o uruguaio Luis Suárez. Benzema marcou 16 e Gareth Bale oito, por causa das lesões.

    O melhor do mundo tem sido sempre um grande artilheiro, ou Messi ou Cristiano Ronaldo, ainda que não exista a coincidência de o maior goleador do ano ser o premiado como melhor do mundo, necessariamente. Também não haverá para sempre a ideia de que o melhor jogador é quem faz mais gols.

    Zidane foi escolhido como destaque pela Fifa três vezes, por sua incrível visão de jogo. Não por sua capacidade de balançar as redes.

    Além disso, ser premiado como melhor do planeta não pode ser objetivo de vida. Tem de ser consequência.

    Neymar será o melhor do mundo em 2018 se o Paris Saint-Germain for campeão da Liga dos Campeões ou se o Brasil ganhar a Copa com seu camisa 10 jogando muito.

    Nesse caso, ninguém perguntará seu número de gols.

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    É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
    e segundas-feiras.

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