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    Ranier Bragon

    Preocupação na reforma política é com a autopreservação

    17/11/2016 02h00

    Pedro Ladeira - 17.dez.2015/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 17-12-2015, 12h00: O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), durante entrevista exclusiva em seu gabinete no senado federal. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***ESPECIAL*** ***EXCLUSIVO***
    O senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos autores da PEC da Reforma Política

    BRASÍLIA - Toda vez é a mesma história. Algum escândalo ou outro fenômeno "não republicano" estoura e lá vem uma "reforma política".

    Que o sistema político precisa de mudança não há controvérsia. Mas, por mais que incautos queiram acreditar que a maioria dos 594 congressistas esteja preocupada com a crise de representatividade, com o desencanto do eleitor ou com outra razão mais ou menos altiva, a boa notícia é que eles estão preocupados.

    Bastante, eu diria. O problema é que o sufoco no coraçãozinho do chão de fábrica da Câmara e do Senado passa longe do "nobre" que eles usam para se referir uns aos outros. O medo é o de não se reeleger em 2018 depois que o Supremo proibiu empreiteiras, bancos e assemelhados de abastecer as campanhas.

    Tanto que o próprio relator da reforma na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP), diz que ela se resumirá a definir novas formas de financiamento e escolha dos deputados.

    Concentrados nisso, planejam criar um vale-urna com mais que o triplo dos recursos públicos direcionados hoje aos partidos. Os valores seriam repartidos entre candidatos mediante critérios ainda obscuros.

    Ressuscitam ainda uma antiga coqueluche de parte da ciência política nacional, a votação não mais em candidatos, mas em listas fechadas definidas pelas legendas.

    O que tem um belíssimo potencial de transformar as cúpulas partidárias em semi-reinados e os atuais congressistas em adivinhe o quê? Os primeiros da lista, naturalmente.

    De certo o eleitor está fulo com os políticos, mas deve estar amando PMDB, PT, PP, PTB, PSDB etc.

    Me alinho aos que descreem no fim dos males da República mediante a outorga de superpoderes a Romero Jucá (PMDB), Rui Falcão (PT), Roberto Jefferson (PTB) e outros.

    A adoção da lista fechada já foi derrotada várias vezes. Mas eles vão tentar de novo. Como disse o tucano Marcus Pestana (MG) ao falar sobre a reforma em geral, "vai que cola".

    ranier bragon

    Repórter da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís. Formou-se em jornalismo pela PUC-MG.

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