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    Ranier Bragon

    Versões sobre suposta reunião da propina são pedra no sapato de Temer

    16/04/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Michel Temer participa de assinatura de atos em prol das mulheres
    O Presidente da República, Michel Temer (PMDB), participa de evento no Palácio do Planalto

    Reunião estranha, com gente esquisita. A adaptação do trecho de um dos clássicos do pop rock nacional dos anos 1980 serve à perfeição para descrever o encontro ocorrido ao final da manhã de 15 de julho de 2010 no gabinete político de Michel Temer, em São Paulo.

    O que se sabe até agora? Estavam presentes Temer, então candidato a vice-presidente e cacique do PMDB, Eduardo Cunha (PMDB), na ocasião um mero deputado do Rio de Janeiro, dois executivos da Odebrecht, um lobista do PMDB e, talvez, Henrique Alves (RN), na época líder da bancada de deputados federais do partido.

    Sabe-se também que Temer, como bom anfitrião, sentou-se à cabeceira da mesa. E o que se discutiu?

    Na versão dada pelos dois ex-executivos da Odebrecht à Lava Jato, nada menos do que o acerto final para o pagamento de uma propina de US$ 40 milhões previamente combinada com Cunha e o lobista do PMDB.

    Temer teria assentido e dado a "bênção" a toda a tramoia, asseguram ambos os delatores.

    A versão do lobista é insabida. Henrique Alves diz que jamais foi a tal encontro. Cunha está na carceragem de Curitiba, por ora impossibilitado de se manifestar com toda a desenvoltura com que gostaria.

    Mas indica se lembrar bem da história. Tanto que tentou mandar, via Justiça, uma enigmática pergunta a Temer: se ele se lembrava da reunião.

    Quando as repórteres Marina Dias e Bela Megale revelaram, em dezembro, na Folha, a existência do encontro, Temer mostrou certo esquecimento. Disse que Cunha levou a ele "um empresário", mas que não se recordava do nome ou da empresa.

    Com as delações da Odebrecht, a memória foi recobrada. O presidente gravou vídeo dizendo jamais ter tratado de "negócios escusos" nessa ou em qualquer outra reunião.

    Seria um mero encontro com cavalheiros desapegados dispostos a contribuir com o PMDB. À luz do que se sabe hoje sobre Odebrecht e Cunha, uma hipótese no mínimo esquisita.

    ranier bragon

    Repórter da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís. Formou-se em jornalismo pela PUC-MG.

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