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    Ranier Bragon

    Povo verá governistas como 'sensíveis' e 'inteligentes' no futuro, diz deputado

    30/04/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Manifestantes fazem protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência, na sexta (28), em Brasília

    BRASÍLIA - Na sessão em que a base governista aprovou a reforma trabalhista, na quarta-feira (26), o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou que daqui a algumas décadas todos eles serão lembrados como parlamentares "inteligentes, estudiosos e sensíveis".

    Dado que o futuro teima em desmoralizar futurólogos, fiquemos no presente mesmo. Ou quase nele.

    Daqui a 12 dias, completa-se um ano de Michel Temer no poder.

    No comando de uma agenda especialmente alinhada a interesses empresariais, nas reformas e em outras medidas, Temer faz eco ao presságio perondista: o de que a libertação do "espírito animal" da avenida Paulista irá trazer empregos, crescimento e reconhecimento histórico.

    No atual momento, porém, a taxa de brasileiros em busca de trabalho é recorde, 13,7%. E a imagem dos políticos -não só a dos deputados, mas a de toda a classe política, incluindo nela senadores, Temer, seus ministros e a oposição- é tão, tão distante de "inteligentes, estudiosos e sensíveis" que chega a dar pena.

    Até poucos anos atrás, era inimaginável no Brasil alguém questionar a máxima de Winston Churchill sobre a democracia: a de que é a pior forma de governo que inventaram no mundo, excetuadas todas as outras.

    Embora manifestações simpáticas ao autoritarismo ainda sejam mais ou menos catalogadas no rol de "coisas lunáticas da internet a serem ignoradas", um boneco militar foi incluído algumas vezes em atos diante do Congresso e, em novembro, um grupo invadiu o plenário da Câmara em um difuso protesto contra a corrupção, o governo e o "comunismo" do governo. Exigia-se, para o início de negociações de retirada, a presença de um general do Exército.

    Mãe Dináh morreu em 2014 e, infelizmente, não poderá nos ajudar a saber como a história olhará, daqui a uns 50 ou cem anos, para os atuais políticos, os de dentro dos palácios e os que querem atear fogo aos palácios. Que a terra lhes seja leve.

    ranier bragon

    Repórter da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís. Formou-se em jornalismo pela PUC-MG.

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