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    Painel das Letras - Raquel Cozer

    Para fechar o ano

    DE SÃO PAULO

    13/12/2014 02h00

    Ao final de um ano difícil, que incluiu balanços com resultados negativos e a saída do diretor superintendente Michel Levy, a Livraria Saraiva, a maior do país, vem contatando parceiros com um pedido de "colaboração". Editores independentes foram surpreendidos com e-mails nos quais a empresa pedia um investimento, "de forma voluntária", de valores que variavam de R$ 1.000 a mais de R$ 10 mil. A motivação seria a "celebração de nossa grande festa de aniversário" —o grupo completou cem anos em 2014. A livraria também conversou com grandes editoras, com pedidos de valores bastante superiores aos feitos às pequenas.

    PARA FECHAR O ANO 2

    Entre grandes editores, houve quem considerasse o pedido natural e quem o definisse como pouco usual. É comum, já há algum tempo, livrarias contatarem editores com pedidos de parcerias, oferecendo em troca espaço publicitário em seus impressos ou maior exibição nas lojas. A algumas editoras, nesta conversa de fim de ano, foi oferecida uma contrapartida.

    O que chamou a atenção dos editores que receberam o e-mail foi o fato de a livraria não oferecer nada em troca. Ao fim da mensagem, a Saraiva informa que gerará uma nota de débito a ser descontada em dezembro e que aqueles que não quiserem colaborar devem enviar um aviso.

    O Grupo Saraiva informa que "distribuiu quotas de patrocinadores para a festa de seus cem anos, prática que é comum e legal em datas comemorativas" e que "celebra seu centenário operando varejo e editora de forma satisfatória e tal decisão nada tem a ver com os resultados da companhia".

    Leandro Andrade/Divulgação
    Para poucos: R$ 14 mil é o valor inicial de edição do livro "Le Message d'Ulysse" (1969), com desenho e dedicatória de Marc Chagall, em leilão de livros raros da Fólio Livraria no dia 15, no hotel Emiliano, em SP
    Para poucos: R$ 14 mil é o valor inicial de edição do livro "Le Message d'Ulysse" (1969), com desenho e dedicatória de Marc Chagall, em leilão de livros raros da Fólio Livraria dia 15, no hotel Emiliano, em SP

    SEM PRESSA

    A Amazon –que acaba de estrear o Kindle Unlimited, oferecendo 700 mil e-books a R$ 19,90 por mês— não é a única empresa a oferecer a editoras serviços de aluguel de livros. Árvore de Livros, Xeriph e Scribd são algumas com propostas em análise.

    A maioria se propõe a pagar às editoras que aderirem ao serviço um valor fixo mensal, sem informar quais e quantos e-books foram baixados e lidos pelos usuários.

    O formato é considerado pouco transparente, até por dificultar o repasse de direitos autorais. É o modelo central da Amazon, que só no caso de best-sellers oferece às editoras a alternativa de receber por unidade lida.

    A Scribd, por sua vez, promete repassar às editoras, por livro lido, valor idêntico ao que faturariam com a venda. O modelo se sustentaria porque usuários leem menos do que o serviço oferece.

    Das grandes casas, Globo e Leya aderiram com poucos títulos ao Kindle Unlimited. A Amazon diz esperar mais editoras, mas as que ainda não se dobraram não têm pressa.

    Primeira vez Luiz Ruffato, escritor dos mais requisitados para eventos literários, estreará como curador no Festival da Mantiqueira, entre os dias 10 e 12 de abril, em São Francisco Xavier (SP). Norteará sua curadoria no tema "Todos os Cantos".

    Primeira vez 2 "Sempre pensei em temas nas antologias que organizei porque acredito na necessidade de uma ideia norteando. Com o tema Todos os Cantos', pretendo buscar autores de todo o país", diz o autor, um dos 48 selecionados pelo Ministério da Cultura para representar o país no Salão do Livro de Paris, em março.

    Não, obrigado Enquanto autores que ficaram de fora questionam a seleção feita pelo MinC para o Salão do Livro de Paris, outros, que foram lembrados, declinaram o convite. Foi o caso de Chico Buarque, Eduardo Viveiros de Castro e Vanessa Barbara.

    Não, obrigado 2 Chico Buarque, nome que os franceses consideravam prioritário, vai a cada vez menos eventos para divulgar seus trabalhos –menos chance ainda teria um evento envolvendo dinheiro público.

    Não, obrigado 3 O antropólogo Viveiros de Castro disse estar "cansado de viajar". Já Vanessa Barbara afirma que não se sente à vontade participando de feiras e que não aceitará mais convites. "Fui a Gotemburgo e foi sofrido, até tive de cancelar uma leitura em Estocolmo."

    Outra chance Após anos fechada e em reformas, a casa de Sergio Buarque de Holanda, no Pacaembu, durou apenas dois anos como Memorial da Educação Municipal. Desde agosto, o centro foi transferido de volta à Secretaria Municipal de Educação. A SME deve reinaugurar a casa em fevereiro como centro de mostras e debates.

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