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    Painel das Letras - Raquel Cozer

    Chico na Alemanha

    03/01/2015 02h00

    "Não me ocorreria escrever esse livro com minha mãe viva", diz Chico Buarque à "Piauí" deste mês, na única entrevista à imprensa sobre o romance "O Irmão Alemão", que frequentou o topo das listas de mais vendidos em 2014. A revista acompanhou o escritor numa viagem à Alemanha após a descoberta do irmão Sergio Günther, filho de um namoro de juventude de seu pai Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982).

    Embora o namoro tenha sido muito anterior ao casamento com Maria Amélia (1910-2010), Chico ficou "mais à vontade para escrever" depois que a mãe morreu –ela já tinha ficado "um pouquinho incomodada" com "Leite Derramado" (2009), que "tem muito da família dela". Ele conta que, apesar das descobertas, não quis incluir mais história real à trama. "Só sei fazer ficção."

    CHICO NA ALEMANHA 2

    A revista mostra um Chico bem humorado, brincalhão, tentando agradar os parentes recém-descobertos em Berlim –o que não foi tão fácil no caso das ex-mulheres do irmão alemão, que não era bem flor que se cheirasse.

    A certa altura, num jantar, Chico cantarola "Duas laranjas nos cabelos/ e bananas nos quadris", trecho que substituiu os versos "Estava à toa na vida/ o meu amor me chamou" numa versão de sua canção "A Banda", popular na Alemanha nos anos 1960. O escritor então pergunta a Monika, ex do irmão, se ele teria conhecido a canção. Ao saber que sim, conclui: "Então de alguma forma ele me conheceu".

    A viagem foi acompanhada também pela equipe de Miguel Faria Jr., que prepara documentário a ser lançado neste ano.

    OLHAR ESTRANGEIRO

    O mais importante romance de João Ubaldo Ribeiro, "Viva o Povo Brasileiro", foi objeto de estudo de Rita Olivieri-Godet, professora de literatura brasileira na Université Rennes 2-França e que já havia publicado "Construções Identitárias na Obra de João Ubaldo Ribeiro".

    O novo estudo, "Viva o Povo Brasileiro: A Ficção de uma Nação Plural", sai em fevereiro pela É Realizações, com organização de João Cezar de Castro Rocha.

    A autora discute as relações de poder que o romance realiza, expondo os mecanismos de exclusão no processo de formação da nação. Com 40 mil cópias vendidas nos últimos sete anos, "Viva o Povo Brasileiro" teve há pouco, pela Alfaguara, edição comemorativa de 30 anos.

    Vai que... Não tem um ano em que o queniano Ngugi wa Thiong'o, não figure entre os primeiros colocados das bolsas de apostas do Nobel. Enquanto o prêmio não vem, a Alfaguara faz o investimento: programou para setembro o primeiro livro do autor no Brasil, o romance "Um Grão de Trigo", cuja trama se passa nos anos 50, quando o Quênia vivia um estado de emergência durante rebelião contra o domínio britânico.

    Jovens O poeta e escritor Marco Lucchesi, autor de "O Bibliotecário do Imperador" (Record), prepara duas coleções para jovens pela Rocco.

    Jovens 2 "Memórias do Futuro" trará clássicos em prosa inéditos ou pouco conhecidos. Começa, neste mês, por "As Últimas Cartas de Jacopo Ortis", em que o italiano Ugo Foscolo (1778-1827) fala da desilusão com a ideia de uma Itália unificada sob Napoleão Bonaparte.

    Jovens 3 Já a coleção "Espelho do Mundo" trará um pouco da poesia contemporânea de várias partes do globo, em edições bilíngue.
    Jovens 4 Para esta segunda série, estão programados "Caligrafia Silenciosa", do poeta, crítico e tradutor romeno George Popescu, que será lançado em abril, e os haicais do poeta e diretor iraniano Abbas Kiarostami, com tradução direta do persa.

    Experimental "How to Be Both", romance da escocesa Ali Smith que foi finalista do Man Booker Prize e vencedor do Goldsmith's Prize para ficção experimental, teve os direitos adquiridos pela Companhia das Letras.

    Experimental 2 O romance une as histórias de um pintor renascentista e uma garota dos dias de hoje. Na edição em inglês, o livro foi publicado em duas versões, cada uma delas aberta por uma das duas histórias.

    Outra vez Depois do premiado "Nossos Ossos", o pernambucano Marcelino Freire volta a escrever um romance, para 2016, já contratado pela Record. A editora carioca também contratou e pretende publicar em 2015 o volume de contos "Amar É Crime", lançado pela Edith em 2011.

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