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    Raquel Landim

    A difícil tarefa de salvar Eike Batista

    23/08/2013 16h16

    Os banqueiros estão quebrando a cabeça para salvar as empresas de Eike Batista e evitar um rombo em seus próprios balanços.

    Eike deve R$ 25,1 bilhão no mercado. Com um buraco desse tamanho, o problema não é só dele, mas de todos que tem algum dinheiro no grupo EBX.

    Demorou, mas os credores finalmente conseguiram convencê-lo que não há outra saída a não ser vender seu império aos pedaços, pelo preço que aparecer.

    Mas nem isso é tarefa das mais fáceis por causa de uma conta simples: na maioria dos casos, os ativos das empresas não valem as dívidas.

    E dá para acrescentar outro complicador: os investimentos necessários para finalizar as obras são vultosos.

    Apesar de todas essas dificuldades, parece que vai se delineando uma saída dessa enrascada. O caminho é mais ou menos parecido em todas as empresas.

    A primeira providência é achar um sócio disposto a colocar algum dinheiro no negócio. Mas, obviamente, ele vai querer pagar barato e obrigar os bancos a dividir os custos e os riscos.

    O segundo passo, portanto, é esse sócio negociar com os bancos credores. O novo dono precisa renegociar a dívida da empresa e pede novos empréstimos para finalizar a obra.

    Itaú e Bradesco vem demonstrando "boa vontade" e rolando as dívidas de Eike em condições camaradas: praticamente os mesmos juros e as mesmas garantias.

    Luciano Coutinho, presidente do BNDES, já deixou claro a interlocutores que vai analisar empréstimos para as empresas do grupo EBX que mudarem de dono.

    A visão no banco é que, quando a companhia é vendida, "zera o jogo". O novo controlador pode solicitar financiamento "como qualquer outra empresa instalada no país".

    Não é um resgate direto de Eike, embora o empresário vá continuar como sócio nessas companhias, com participação relevante. Mas a verdade é que agora restam poucas alternativas.

    O erro foi feito lá atrás, quando o BNDES aprovou R$ 10,4 bilhões em empréstimos para companhias de alto risco, beneficiando um "amigo do rei".

    A outra opção é as empresas quebrarem, gerando dano para a imagem do Brasil no exterior e deixando enormes obras inacabadas em um país carente de infraestrutura.

    A falta de critério do governo colocou o país numa encruzilhada. Triste.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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