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    Raquel Landim

    Dilma vai conseguir convencer a S&P?

    28/02/2014 14h52

    Nessa semana, o ministro Guido Mantega apareceu de surpresa em uma reunião entre os técnicos da Fazenda e economistas de bancos e consultorias. Foi mais um sinal de como a administração Dilma está preocupada com um possível rebaixamento da nota brasileira pelas agências de classificação de risco, que costumam ouvir mais o mercado do que o governo.

    A percepção dos economistas é que o grande desafio de Mantega é a Standard & Poor's, que tem sido bastante crítica em sua análise da situação econômica do Brasil. Um corte da nota brasileira pela S&P pode provocar um efeito manada, colocando pressão sobre as outras grandes agências, a Moody's e a Fitch Ratings.

    As agências foram muitos criticadas, porque não perceberam a tormenta que se abateu sobre a economia global. Mas sua opinião continua sendo muito importante. Se elas acharem que piorou o capacidade do país de quitar suas dívidas, o governo e as empresas brasileiras vão começar a pagar juros mais altos para se financiar.

    O surpreendente desempenho do PIB no quarto trimestre, que colaborou para um crescimento de 2,3% da economia brasileira no ano passado, é um ponto a favor do governo. Se tivesse sido confirmada uma recessão técnica, com dois trimestres seguidos de desempenho negativo, a situação ficaria muito mais complicada.

    A meta de superavit primário (economia para pagar juros da dívida) de 1,9% do PIB estabelecida para este ano é outro ponto positivo. Os analistas mais críticos continuam reticentes, mas a meta foi considerada crível pela maior parte do mercado.

    O problema é que não adianta só prometer. O governo também terá que entregar. E, nesse sentido, o resultado fiscal divulgado hoje é um péssimo sinal. As despesas dispararam em janeiro, refletindo o malabarismo feito pelo Tesouro para empurrar despesas de dezembro para o início desse ano e garantir o cumprimento da meta fiscal no ano passado.

    Se quiser realmente convencer a S&P, será preciso fazer melhor que isso nos próximos meses. E economizar com eleições presidenciais batendo na porta não será nada fácil.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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