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    Raquel Landim

    Não queremos mais ser o país do jeitinho

    13/06/2014 02h00

    Os estrangeiros já estavam até reparando. "Nem parece que vocês são a sede da Copa do mundo", diziam nos bares da Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo. E nós mesmos nos perguntávamos: por que estamos tão insatisfeitos?

    Mas ontem a apatia acabou e o país se vestiu de verde-amarelo. Houve protestos, mas o amor pelo futebol falou mais alto e estávamos todos no estádio, nas ruas e na frente da TV, torcendo pelo Brasil.

    A partida começou sofrida com um gol contra inacreditável. Ninguém merece isso –nem nós, nem os "meninos do Felipão", que não estão de salto alto e jogam com o coração. Demorou um pouco e fomos redimidos por um golaço do Neymar.

    A coisa seguia mal parada com um empate meia boca até a interferência do juiz japonês, que marcou um pênalti inexistente. O Brasil virou o jogo e fechou com mais um gol incrível do Oscar. Sem dúvida, 3 a 1 é uma vitória respeitável, mas por que esse gosto amargo?

    O que em outras épocas seria motivo de piada –"o juiz é nosso"– nos deixou envergonhados. Não queremos mais ser o país do jeitinho.

    Não queremos mais ser o país onde as obras não ficam prontas nem em cima da hora, onde não dá para fazer um "selfie" no estádio, onde demora incríveis 5 horas do aeroporto ao hotel, onde há ameaça de racionamento de água e luz.

    Por isso, vaiamos nossa presidente em campo e não nos animamos com os candidatos de oposição. É isso que os políticos, os estrangeiros e que até nós temos dificuldade para entender: demoramos tanto a nos empolgar com a Copa, porque amamos essa camisa "canarinho" e não queremos mais ser o país onde até o juiz "rouba".

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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