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    Raquel Landim

    Quem vai para o segundo turno?

    15/08/2014 02h00

    Essa é a pergunta que aflige hoje dez entre dez empresários brasileiros. Se Marina Silva for escolhida como a nova candidata do PSB, quem vai para o segundo turno das eleições presidenciais: ela ou Aécio Neves?

    Nos últimos dias, o clima foi de consternação e luto pela tragédia da morte de Eduardo Campos. Todos os empresários com quem conversei reconheciam nele uma liderança política renovadora, que um dia poderia ser presidente do país.

    Além disso, era um político muito mais palatável ao capital privado do que sua companheira de chapa. A presença de Marina, conhecida por sua inflexível defesa do ambiente, inibia a aproximação do candidato do PSB com alguns setores, principalmente no agronegócio.

    Ainda sob o efeito do susto e da desolação provocada pela tragédia, os empresários calculam que aumentaram as chances de segundo turno e agora se perguntam se Aécio vai conseguir passar junto com Dilma. Eles acreditam que é possível, apesar dos 20,7 milhões de votos que Marina teve na eleição passada.

    A aposta é que Marina não terá tempo de se organizar até lá. Ela pode encostar ou passar Aécio nas próximas pesquisas, mas sua candidatura não se sustentaria. Ela subiria na esteira da comoção provocada pela morte de Eduardo, mas se desidrataria no conservadorismo de muitas regiões do Brasil.

    O inverso, no entanto, também poderia acontecer. Marina dispararia na preferência do eleitorado ao canalizar o sentimento de mudança que existe na sociedade brasileira e que, até agora, nenhum dos candidatos conseguiu capturar.

    A hipótese de Dilma e Marina no segundo turno é um autêntico pesadelo para os empresários brasileiros.

    Uma corrente defende que é "tudo menos Dilma", devido aos grandes desentendimentos entre o setor privado e a presidente. Nos últimos tempos, o empresariado anda muito contrariado com o fraco crescimento da economia, que inibe os lucros, e com o forte intervencionismo do governo.

    Para alguns executivos, o apoio do setor privado vai depender muito da postura de Marina. Se ela continuar se cercando de economistas do PSDB e adotar um discurso pró livre iniciativa, pode até conquistar do empresariado.

    Outros estão mais céticos. Acham que a ex-senadora não tem experiência de gestão e é muito dogmática nas questões ambientais, inibindo investimentos. Essa corrente acredita que apostar em Dilma é mais seguro, ainda mais se houver a interferência do ex-presidente Lula no governo.

    Não é com voto de empresário que se ganha eleição, mas a importância do apoio do setor privado é inegável: são os principais doadores de campanha e um dos motores de crescimento da economia.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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