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    Raquel Landim

    O preço da omissão

    19/12/2014 16h19

    A presidente da Petrobras, Graça Foster, está pagando o preço da omissão. Até agora não apareceu nenhuma prova que a implique diretamente nos escândalos de corrupção que abalaram a petroleira. Mas, ainda assim, sua permanência na empresa é insustentável.

    Não é segredo para ninguém na estatal que Graça nunca gostou de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor que confessou que cobrava propina das empreiteiras contratadas pela Petrobras. Em conversas reservadas, antes de se tornar presidente, Graça já dizia que ele estava "acabando" com a empresa.

    O argumento dos defensores de Graça é que ela atuou para "limpar" a Petrobras. Com o aval da presidente Dilma, tirou Paulo Roberto, Renato Duque e Jorge Luiz Zelada da diretoria meses depois de assumir o cargo. Nestor Cerveró já tinha saído um pouco antes. Os quatro estão de alguma forma envolvidos no escândalo.

    O problema é que Graça parece ter varrido sujeira para baixo do tapete. Se ela já sabia da corrupção naquela época, deveria ter informado o Ministério Público, a Polícia Federal e os demais órgãos competentes. Ela não poderia ter permitido que eles saíssem pela porta da frente, com direito a elogios nas atas do conselho de administração.

    É óbvio que conflito político era devastador. A antiga diretoria tinha sido indicada pelo ex-presidente Lula, o padrinho de Dilma. Dizer que aquela equipe era corrupta era o mesmo que acusar o governo e o PT, partido do coração de Graça, de corrupção. Mas, se dispunha de provas, era isso que ela deveria ter feito. Ladrões tem que ser punidos.

    Agora Graça está sendo castigada por sua incompetência ou por sua conivência, mas não dá para esquecer que ela apenas cumpria ordens de Dilma. Na campanha, a presidente disse que mandou demitir Paulo Roberto e que a corrupção nunca foi tão investigada quanto no seu governo. Será?

    Se Graça foi omissa, Dilma também foi. E a presidente parece insistir no erro ao segurar a amiga no cargo. A demora na troca de comando só agrava a situação da Petrobras e aumenta os custos para os acionistas e para o povo brasileiro.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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