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    Raquel Landim

    O Brasil encolheu

    09/01/2015 02h00

    Os resultados do comércio exterior brasileiro são desastrosos. Pela primeira vez em 14 anos, o Brasil registrou deficit na balança comercial. No ano passado, as importações superaram as exportações em quase US$ 4 bilhões. Com mais dinheiro saindo do que entrando, o país fica mais vulnerável aos choques internacionais.

    Mas esse nem é o aspecto mais perverso. Uma análise atenta dos números mostra que o Brasil "encolheu" no jogo das trocas globais de mercadorias.

    A corrente de comércio –que soma importações e exportações– caiu de R$ 482 bilhões em 2013 para R$ 454 bilhões no ano passado. A participação do país nas exportações mundiais, que já era de ínfimos 1,32%, pode ter caído para 1,2%.

    Se o país está vendendo e comprando menos do exterior, isso significa que menos recursos estão passando por aqui. Ou seja, atividade econômica mais fraca, menos empregos, menos tecnologia ingressando no país, menos inovação.

    A queda do preço das commodities, particularmente o petróleo e o minério, explicam parte da falta de dinamismo do comércio exterior brasileiro. Mas não é só isso.

    Por que estamos ficando de fora das cadeias produtivas globais? Porque somos um país caro, com produtividade baixa, que simplesmente não possui uma política de comércio exterior.

    Com medo de sofrer uma "invasão" de produtos baratos em meio à crise global e por crença dos ocupantes do governo, o Brasil se tornou ainda mais protecionistas na primeira fase do governo Dilma.

    A presidente foi reeleita, mas há sinais de mudanças com a escolha da nova equipe ministerial. Com a economia em macha lenta, o Brasil precisa exportar para voltar a crescer. O que não será fácil com os preços das commodities despencando.

    A desvalorização do câmbio pode ajudar, tornando os produtos manufaturados brasileiros mais competitivos lá fora, mas não dá para contar apenas com isso. É preciso arregaçar as mangas e sair para vender.

    A primeira prova de fogo do novo governo será engolir o antiamericanismo que perdurou durante os últimos anos e bater na porta dos Estados Unidos. Os EUA são praticamente o único grande país que cresce e nós precisamos desesperadamente vender mais para eles.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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