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    Raquel Landim

    Petrobras versus fornecedores

    10/04/2015 16h52

    A Operação Lava Jato expôs uma guerra que vinha ocorrendo nos bastidores entre a Petrobras e seus fornecedores. De uma maneira bem resumida, é o seguinte: as empresas reclamam que não estão recebendo em dia, o que a petroleira nega.

    Com as investigações da Polícia Federal, o crédito secou para as empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da estatal. Sem alternativa, essas companhias vão entrando em recuperação judicial, o último recurso antes de quebrar. E, nesse momento de "desespero", a briga vai ficando evidente.

    As empresas vêm recorrendo à Justiça ou aos fóruns de arbitragem contra a estatal. Afirmam que têm bilhões a receber e que seus problemas começaram por causa da postura da petroleira.

    A Petrobras reagiu e disse que está em dia com suas obrigações contratuais e que "eventuais" pleitos de pagamentos adicionais da empresa estão sendo analisados e não representam dívida.

    O nó estão nesses "aditivos" aos contratos, que, em realidade, não tem nada de eventuais. Pessoas com conhecimento sobre como a petroleira funciona dizem que era habitual elevar em várias vezes o preço da obra com "aditivos".

    Muitos fornecedores só fechavam contrato, porque sabiam que era praxe pedir mais dinheiro depois. Ou seja, sem os "aditivos", o negócio não se sustenta.

    A estatal fechou a torneira de dinheiro por alguns motivos. O primeiro deles é o aperto no caixa, que obriga a cortar investimentos e interromper projetos. Portanto, não sobram recursos para construir refinarias planejadas principalmente para agradar políticos aliados.

    O segundo é característico de todo ser humano. Com essa confusão, os funcionários da Petrobras não assinam nada sem revisar milhares de vezes por medo de ter seu nome envolvido no escândalo.

    É ótimo que a Petrobras esteja sendo cada vez mais criteriosa em seus contratos, mas não resta dúvida de que a ressaca da Lava Jato vem sendo dolorosa para a economia. Basta lembrar que a empresa representa cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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