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    Raquel Landim

    O preço da falta de credibilidade de Tombini

    31/07/2015 12h51

    Entre os muitos erros da política econômica do primeiro mandato da presidente Dilma, talvez o vai e vem da taxa de juros seja o melhor exemplo da equivocada percepção do governo sobre seu poder de intervenção na economia.

    Dilma e seus auxiliares acreditavam que baixar os juros no Brasil seria o grande legado da petista - uma espécie de "Plano Real". Diziam que era uma promessa de campanha que precisavam cumprir.

    Por ordem da chefe, que defendia que reduzir os juros era uma questão de vontade política, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez uma reviravolta na trajetória da política monetária e reduziu a taxa até levá-la a um dígito.

    Não durou muito tempo. Sem o amparo de uma política fiscal austera, ele teve que voltar atrás, mas só o fez depois que a inflação já ameaçava sair de controle, com os agentes econômicos acreditando em preços cada vez mais altos.

    Nesta semana, ficou evidente o custo desse terrível erro. O Banco Central elevou a taxa Selic para 14,25%, um aumento de 7 pontos porcentuais em relação aos 7,25% de julho de 2013 e o maior patamar em nove anos.

    Com a economia amargando uma recessão de 2%, Tombini é obrigado a dar ao país um remédio mais forte que o recomendável, já que não resta dúvida de que as taxas subiram muito mais do que o necessário por conta da falta de credibilidade do BC.

    Agora, o banco parece ter recuperado a confiança do mercado. O IPCA deve atingir mais de 9% neste ano, mas a expectativa é que caia para 5,9% no ano que vem e finalmente chegue à meta de 4,5% no ano seguinte.

    Mas, para alcançar esse resultado, o Brasil será obrigado a conviver com a maior taxa de juros entre os emergentes por bastante tempo, asfixiando ainda mais nossa economia. Sem esquecer que a Selic é apenas uma referência. Na prática, os brasileiros estão pagando, em média, 241,3% ao ano no cheque especial - o maior patamar desde 1995 - e 372% ao ano no cartão de crédito.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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