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    Raquel Landim

    Os empresários e o impeachment

    09/10/2015 02h00

    Até algumas semanas atrás, o discurso —-em público ou privado— de boa parte dos empresários brasileiros era que não há razões concretas para um eventual impeachment da presidente Dilma.

    Muitos deles diziam que uma mudança institucional desse calibre não acontece de uma hora para outra, e que tal passo poderia mergulhar o país numa crise ainda mais profunda. Pediam racionalidade ao Congresso e uma chance para que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) implementasse o ajuste fiscal.

    Nada disso aconteceu. Na verdade, as coisas pioraram. O Brasil perdeu o grau de investimento das agências de classificação de risco, o que encarece o custo de capital para as empresas. Já chegamos em outubro e a recessão se aprofunda.

    Com o tempo passando, os empresários parecem ter jogado a toalha. Agora eles dizem que o governo não tem projeto e não consegue criar uma agenda positiva para o país. Em resumo, que o governo não governa.

    Até líderes empresariais que não podem ser acusados de estar na oposição já estão afirmando em conversas reservadas que apenas uma mudança política significativa pode salvar a economia brasileira.

    Por essa mudança, querem dizer um impeachment ou uma acordão político em que a presidente, embora permaneça no cargo, entregue na prática o poder —uma versão mais profunda do que foi tentado nos últimos dias, sem muito sucesso.

    Claro que essa visão ainda não é consenso. Mas o fato é que as vozes empresariais que defendem abertamente a presidente Dilma estão emudecendo.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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