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    Raquel Landim

    2017 chega com uma multidão de desempregados

    30/12/2016 10h00

    SEM VAGAS - Taxa trimestral de desemprego*, em %

    O gráfico acima é a melhor ilustração da tragédia vivida pela economia brasileira nos últimos dois anos. A curva mostra a aguda e constante deterioração do mercado de trabalho.

    A taxa de desemprego medida pelo IBGE subiu de 6,5% no fim de 2014 para os atuais 11,9%. Transformando em números, a quantidade de brasileiros desempregados saiu de 6,5 milhões de pessoas para 12,1 milhões, ou seja, praticamente dobrou.

    É um exército de pedreiros, faxineiros, enfermeiros, motoristas, engenheiros, dentistas, jornalistas, etc —o equivalente a toda a população da cidade de São Paulo, a oitava mais populosa do mundo— sem trabalho e sem renda.

    No fim de 2014, a crise já estava instalada, mas demorou a atingir o mercado de trabalho. As empresas esperam até o último momento para dispensar colaboradores, porque o custo de contratar, treinar e demitir é muito alto.

    Como mostra o gráfico, esse momento chegou após as mais recentes eleições presidenciais. Quando a ex-presidente Dilma se reelegeu e ficou claro que a política econômica seria mantida, as empresas desistiram e começaram a demitir.

    Desde então, Dilma sofreu um impeachment e uma nova equipe econômica vem tentando mudar os rumos da política fiscal. Mas a recuperação da economia não vem e a curva de desemprego teima em não ceder. Por quê?

    O motivo mais concreto é a alta capacidade ociosa das empresas. Muitos setores investiram pesadamente para atender a uma demanda que se revelou apenas uma bolha, provocada por estímulos fiscais —o setor automotivo é o exemplo mais contundente.

    As empresas estão com estoques altos, turnos de trabalho reduzidos e máquinas paradas. Nessa conjuntura, não pensam em investir ou contratar e só o farão quando a retomada da economia for sólida, o que ainda não dá sinais concretos de ocorrer.

    Com o governo Temer acuado pelas revelações da Lava Jato, ninguém sabe se o ajuste fiscal será mantido até trazer os efeitos desejados. Na média, os analistas esperam um crescimento de 0,5% do PIB no ano que começa no próximo domingo.

    Em novembro, os dados mostram que a população teve algum alívio, porque o rendimento real parou de cair em relação a outubro, por conta da significativa queda da inflação, que deixou de corroer o poder de compra. Mas as notícias boas param por aí.

    As previsões para o mercado de trabalho estão longe de significar um "Feliz Ano Novo". O presidente Michel Temer prevê uma recuperação no segundo semestre de 2017, mas pode estar sendo otimista. O especialistas dizem que já vão comemorar se o desemprego parar de subir e ficar tudo igual no ano que vem.

    raquel landim

    Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política às sextas-feiras.

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