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    Raul Juste Lores

    Doria tem muito a aprender com as prioridades de Haddad

    09/01/2017 02h00

    Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress
    Fernando Haddad (à esq.) e João Doria participam de entrega de apartamentos no centro de São Paulo

    SÃO PAULO - Onde João Doria será mais popular daqui a quatro anos: Jardim Europa ou Baixada do Glicério? A escolha de prioridades é agora.

    Haddad assistiu à multiplicação das invasões de prédios insalubres e da população dormindo na rua. Mas sua secretaria de Habitação e a Cohab foram confiadas ao PP de Maluf por três longos anos. Entregou menos de um quarto dos apartamentos prometidos, em performance similar às de Pitta e de Kassab.

    Haddad inaugurou um único CEU, projetado por Ruy Ohtake (Marta fez 21 dessas superescolas; Serra e Kassab, em oito anos, 24). A expansão do ensino em tempo integral só alcançou 16 mil dos 900 mil alunos da rede. A meta era 100 mil.

    Quantidade não é tudo. Gabriel Chalita, o guru da autoajuda revelado por Alckmin, foi seu secretário de Educação. Haddad ainda criou um curso universitário à distância, o "UniCEU" —as elites privilegiam o ensino superior em detrimento do fundamental desde Dom Pedro 1º.

    Os milhares de empregos que seriam gerados pelo Arco do Futuro ficaram na promessa. Enquanto só falava de mobilidade, as filas nas unidades de saúde eram dignas do Maranhão.

    Verdade que o ex-prefeito foi muito prejudicado por Dilma Rousseff, mais generosa com o PMDB carioca que com o correligionário honesto. Mas resultados pesam mais que boas intenções. Dos 8,9 milhões de eleitores da capital, só 967 mil (11%) votaram no petista.

    A burguesia que não necessita de educação, saúde ou moradia públicas, e que consegue ir trabalhar de bike, tinha outras predileções: ciclovias de Jilmar Tatto, grafites nos Arcos do Jânio, Parque Augusta, TV e rádio municipais, SPCine e um minúsculo projeto de agricultura em Parelheiros. Para essa elite, Haddad foi "o melhor da história".

    Um prefeito não pode se dedicar só a bonsais enquanto a floresta arde. A periferia não perdoou a gestão gourmetizada. Até Doria pode olhar mais pelo povão.

    raul juste lores

    É repórter especial. Já foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires, e editor de 'Mercado'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

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