O recuo frontal do prédio foi transformado em um jardim público na calçada, com banco para qualquer um se sentar. Pronto no início do ano passado, o Huma Klabin tem janelas de vidro do chão ao teto e painéis de madeira nas varandas, que ocupam a largura total da fachada.

Há rolos de lona furadinha nelas, que controlam a entrada do sol e impedem que cada morador envidrace cada sacada de seu jeito (com aquele ar de pombal de muitos edifícios de "luxo"). Os dois blocos colocam suas unidades em posições diferentes em busca da melhor vista.

Este é o primeiro empreendimento da incorporadora Huma, que aposta em um novo público com mais sensibilidade urbana e sem vontade de morar em um bunker. Cada comprador ganhou uma bicicleta. Os corredores que ligam os dois blocos (e onde se espera o elevador) são abertos, protegidos apenas por vidro e guarda-corpo. O piso hidráulico neles é mais resistente à chuva.

O edifício também é o primeiro residencial do escritório de arquitetura Una, em 20 anos de trabalho. São duas raridades: o incorporador que trabalha com bons arquitetos em vez de produzir genéricos (ruins); e arquitetos do primeiro time se orgulhando de participar do mercado —até há pouco, grandes nomes "escondiam" seus trabalhos privados, por um purismo ideológico de fachada.

O Huma Klabin é um retorno ao berço: foi ali na Vila Mariana que surgiu a primeira casa modernista do Brasil, em 1928, feita por Gregori Warchavchik nos terrenos da família de sua mulher, Mina Klabin. Ele ainda faria a casa do seu cunhado (e hoje museu), Lasar Segall, e um grupo de sobradinhos, igualmente modernos, na rua Berta para locação.

Huma Klabin (2012). R. Calixto da Mota, 84

raul juste lores

É repórter especial. Já foi correspondente em Washington, Nova York, Pequim e Buenos Aires, e editor de 'Mercado'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

• @rauljustelores