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    Rede Social - Eliane Trindade

    A Paris dos prazeres, a cidade que o terror quer mergulhar nas trevas

    16/11/2015 02h00

    Não por acaso, os estrategistas da sexta-feira 13 parisiense escolheram restaurantes, cafés, um estádio de futebol, uma casa de show e os arredores de um centro comercial e de lazer como cenário dos ataques.

    A intenção e o resultado são claros: manchar de sangue a França da gastronomia, das artes, do futebol, do "savoir-faire".

    Adepto de lances sanguinolentos e de apelo midiático como degolar reféns, o Estado Islâmico foi ultrajante e explícito também ao qualificar Paris como "capital da prostituição e da obscenidade" na mensagem na qual assumiu a autoria dos atentados.

    Paris detém vários títulos mais nobres e condizentes com a sua aura.

    O mais clichê deles é o de "Cidade Luz", pelo fato de ter sido adotada ao longo dos séculos por mentes iluminadas das artes, das ciências.

    O Estado Islâmico transporta Paris e o mundo para as trevas, com sua cruzada contra o Ocidente e seus valores, como declarou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

    Para além das repercussões políticas, fica a certeza de que Paris vai demorar a ser uma festa novamente.

    Seja pelo óbvio e indelével ataque à vida que enlutou centenas de famílias. Seja pelo simbolismo da série de atentados que associa à barbárie tudo aquilo que faz o viver mais prazeroso e leve.

    O luto e o temor de que a escalada de violência esta só no começo são sinais de que a última sexta-feira 13 vai nos assombrar por muito tempo. Independentemente do nosso CEP.

    A facção extremista estraçalhou seus homens-bombas em uma "guerra" com vários panos de fundos.

    A mira foi apontada para o estilo "bo-bô" (bourgeois-bohème), burguês e boêmio, tão bem encarnado pelos parisienses.

    No entanto, é o tipo de terror que não tem se limitado a fronteiras. Vide a carnificina na Síria e a derrubada em 31 de outubro do avião com turistas russos na península do Sinai, no Egito.

    Em mais uma ação reivindicada pelo EI, 224 pessoas foram mortas 23 minutos após temporada de delícias no balneário de Sharm el-Sheikh.

    O destino é vendido nos panfletos turísticos como paraíso para mergulhadores que querem desfrutar os corais do Mar Vermelho.

    A mensagem é a mesma. O alvo são todos aqueles que usufruem de um modelo de vida e de sociedade.

    As vítimas parisienses foram atingidas enquanto degustavam seus pratos, brindavam nos bares, curtiam um show de rock ou vibravam com os lances de um amistoso França x Alemanha.

    Ao escolher Paris para mais um atentado, o Estado Islâmico volta a espalhar mortos por ruas tão bem arquitetadas para o doce flanar, prazer dividido por parisienses e turistas do mundo inteiro.

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    por Eliane Trindade

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    É editora do Prêmio Empreendedor Social. Aqui, mostra personagens e fatos dos dois extremos da pirâmide social. Escreve às terças, a cada duas semanas.

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