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    Ricardo Balthazar

    O pragmatismo de Dilma

    06/02/2012 00h00

    SÃO PAULO - Na campanha eleitoral de 2010, Dilma Rousseff acusou seus adversários tucanos de dilapidarem o patrimônio nacional com as privatizações e prometeu fortalecer as empresas estatais para fazer os investimentos de que o Brasil precisa para se desenvolver. "Nosso caminho é totalmente outro", disse num comercial de televisão.

    Era conversa fiada. Pouco depois de tomar posse, Dilma anunciou a decisão de privatizar a administração de três dos maiores aeroportos do país, os de Guarulhos, Campinas e Brasília. O leilão que definirá quais empresas assumirão a tarefa será realizado hoje em São Paulo.

    O plano original de Dilma era vitaminar a Infraero, a estatal encarregada de cuidar dos aeroportos do país. A empresa abriria seu capital na Bolsa de Valores para captar recursos de investidores, aprimorar sua gestão e fazer parcerias com outras empresas.

    A ideia foi abandonada porque a presidente logo concluiu que os problemas nos aeroportos brasileiros eram resultado da má administração da Infraero, e não da falta de dinheiro para investimentos. Com pouco tempo para consertar a situação antes da Copa de 2014, Dilma achou melhor buscar outra estratégia.

    A Infraero terá obrigatoriamente 49% das ações das empresas que os vencedores do leilão irão formar para administrar os aeroportos. Mas o papel da estatal tende a ser coadjuvante. Exigir sua presença foi um expediente adotado principalmente para driblar a resistência dos petistas à privatização.

    A maneira como Dilma fez suas escolhas nesse caso ajuda a entender como ela governa. As convicções ideológicas do passado importam pouco. O pragmatismo é que manda.

    A prioridade da presidente é evitar que um vexame manche a imagem do Brasil na Copa do Mundo. Até lá será possível saber se seu modelo servirá para melhorar os aeroportos brasileiros, e a que custo. Os resultados certamente serão um bom assunto para a campanha de 2014.

    Ricardo Balthazar

    É repórter especial. Foi editor de 'Mercado' e de 'Poder'.

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