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    Ricardo Balthazar

    O dia seguinte

    07/07/2015 02h00

    SÃO PAULO - No discurso que fez após sua reeleição como presidente do PSDB, na convenção de domingo (5), o senador mineiro Aécio Neves disse que o programa de ajuste econômico executado pela presidente Dilma Rousseff não serve.

    "Esse ajuste fiscal de péssima qualidade, baseado no aumento de impostos por um lado e restrição dos investimentos ou de direitos trabalhistas do outro não resolverá as contradições desse governo", afirmou Aécio. Para o tucano, o corte feito nos investimentos é "inaceitável".

    Aécio não apresentou uma receita alternativa, mas os economistas que assessoram os tucanos sabem que é impossível reequilibrar o orçamento do governo sem arrecadar mais impostos e cortar investimentos, porque as outras opções são politicamente inviáveis no cenário atual.

    Uma reforma profunda da Previdência Social, por exemplo, poderia ajudar a conter a expansão da principal despesa do governo, mas dificilmente teria apoio no Congresso.

    Os tucanos que o digam. Nos últimos tempos, eles se uniram ao PMDB para aprovar vários projetos que contrariam o discurso de Aécio e contribuem para aumentar as despesas do governo, incluindo uma nova fórmula para o cálculo das aposentadorias, a extensão dos reajustes do salário mínimo aos benefícios da Previdência e um aumento salarial para os funcionários dos tribunais federais.

    Ao apoiar essas medidas, o objetivo de Aécio e seus aliados foi criar dificuldades para o governo e assim manter Dilma no canto do ringue em que ela está há meses, apanhando nas cordas e sem condições de reagir.

    Ninguém é capaz de prever o desfecho da crise, mas os tucanos parecem desprezar os riscos dessa estratégia. Na corrida presidencial do ano passado, Aécio dizia que uma vitória da oposição bastaria para recuperar rapidamente a confiança dos investidores e reerguer a economia. Agora, se Dilma for a nocaute e os tucanos conseguirem voltar ao poder, é improvável que isso seja suficiente.

    Ricardo Balthazar

    É repórter especial. Foi editor de 'Mercado' e de 'Poder'.

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