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    Ricardo Balthazar

    Enfim, juntos

    14/07/2015 02h00

    SÃO PAULO - As revelações do empresário Ricardo Pessoa aos investigadores da Operação Lava Jato deixaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, numa posição delicada, em que o seu futuro e o da presidente Dilma Rousseff parecem entrelaçados de forma irreversível.

    Pessoa deu R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma no ano passado. Foi tudo declarado à Justiça Eleitoral como a lei manda, mas o depoimento do empreiteiro lançou a suspeita de que dinheiro desviado da Petrobras pode ter sido transferido diretamente para o comitê da presidente.

    O empresário diz que só fez a contribuição porque se sentiu ameaçado pelo então tesoureiro da campanha, Edinho Silva, hoje chefe da Secretaria de Comunicação Social do Planalto. Edinho nega ter torcido o braço de Pessoa para conseguir o dinheiro.

    Caberá a Janot decidir se a palavra do empreiteiro é suficiente para justificar uma investigação sobre Edinho. A decisão é importante para o futuro de Janot porque em agosto os procuradores da República irão às urnas indicar se querem mantê-lo no cargo ou preferem outra pessoa no seu lugar. Uma demonstração de independência em relação ao governo poderá fazer toda diferença nessa hora.

    Para continuar no cargo, Janot depende da boa vontade da presidente. Cabe a Dilma nomear o procurador-geral, e a praxe sugere que ela siga a vontade expressa pela categoria na eleição interna. Mas a abertura de uma investigação contra um ministro palaciano ampliaria o fosso ao redor da presidente, num momento em que a oposição busca novos pretextos para pedir sua cabeça.

    Se Janot for o mais votado na eleição interna e Dilma preteri-lo, ela será acusada de tentar bloquear o avanço da Lava Jato. Se renovar o mandato do procurador, a presidente criará mais dificuldades para seu governo e contrariará o PMDB, que declarou guerra a Janot em março, quando ele incluiu os integrantes da cúpula do partido na lista de políticos investigados pela Lava Jato.

    Ricardo Balthazar

    É repórter especial. Foi editor de 'Mercado' e de 'Poder'.

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