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    Ricardo Melo

    8 de junho de... 2018

    08/06/2015 02h00

    Você está lendo essa coluna hoje, 8 de junho de 2015. Mas, a confiar no que se propaga diariamente, estamos às vésperas de mais uma eleição presidencial. Temas em alta: haverá ou não reeleição? O voto será facultativo ou obrigatório? O mandato dos governantes vai durar quatro ou cinco anos? A plutocracia continuará dirigindo o país? A reforma política vai reformar os costumes políticos numa Constituinte ou o pessoal liderado por Eduardo Cunha, Renan Calheiros e gente do mesmo calibre irá "reformar a política" para deixar tudo como está, quando não piorar?

    Que os temas acima são importantes ninguém pode negar. Problema: estamos a três anos de uma nova disputa eleitoral majoritária. E de hoje até lá, quem vai cuidar da lojinha? E como?

    Acabamos de saber que planos de saúde foram autorizados a elevar mensalidades muito acima da inflação. O argumento é fantástico: alguns procedimentos, por "sofisticados", são muito caros. Um exemplo prático: tomografias, mesmo sem contraste, são consideradas pelos convênios exames de ponta. Exigem seis meses de carência. Há 30 anos, talvez fossem o estado da arte se comparadas a abreugrafias. Hoje, custam tanto quanto um relógio a quartzo na praça da Sé –menos pela lógica da ANS e dos planos de saúde.

    O Banco Central e a troika econômica tupiniquim adoram essa melodia modernosa. E fazem a sua parte. Elevam os juros como se manejassem aquelas máquinas de remarcação de preços dos supermercados. O raciocínio da turma é igualmente fantástico: tudo estava errado, agora trata-se de consertar.

    Vendem a ideia como normal. Afinal, o capitalismo é sinônimo de crises cíclicas. De tempos em tempos, destrói-se tudo para reconstruir depois. E segue o enterro. Dane-se o que fica pelo caminho: milhões de desempregados, famílias desesperadas, menos comida a cada refeição. Tal qual não se faz omelete sem quebrar ovos, não se acertam as contas sem sacrificar a vida dos... outros: este parece ser o pensamento vigente no governo. Quem diria.

    Ah, mas daqui a dois, três anos, tudo ficará em ordem, projetam os teóricos do tal ajuste. De hoje até lá, paciência. Que se virem os que forem (ou já foram) para o olho da rua, professores que ganham menos do que ascensoristas, milhares de trabalhadores de empresas manipuladas por grandes acionistas como lavanderias de propinas.

    Que a oposição comemore esse cenário, dá para entender. Nada como assistir ao serviço sujo feito pelos adversários e ainda posar de arauto de direitos sociais.

    Difícil de compreender é observar partidos como o PT divididos diante do desmonte de escassas conquistas sociais. O congresso da legenda nos próximos dias talvez ofereça uma resposta. Só um lembrete: estamos em 2015, não em 2018.

    GASOLINA NA FOGUEIRA

    O governo Geraldo Alckmin brinca com fogo. A greve recordista dos professores, mesmo que termine por exaustão e contas a pagar, já deixou uma marca impossível de esconder. Assim como o descaso diante da falta d'água. O adiamento sistemático de obras anunciadas para amenizar o problema vai cobrar seu preço. Não há Alstom nem Siemens capazes de transformar uma torneira seca em chafariz.

    ricardo melo

    Escreveu até agosto de 2015

    Na Folha, foi editor de "Opinião", da Primeira Página, editor-adjunto de "Mundo", secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do "TV Folha", entre outras funções.

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