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    Rita Siza

    Um teste para o Brasil

    14/06/2013 13h43

    A dúvida que persiste quanto à participação da selecção lusitana na Copa de 2014 no Brasil está certamente a espicaçar a curiosidade dos torcedores portugueses na Taça das Confederações que começa hoje.

    Inevitavelmente descrita como o ensaio geral do Mundial do próximo ano, a competição não augura nada de bom às pretensões nacionais: afinal, estaremos a seguir o evento sem a paixão - e a preocupação - de torcer pela nossa equipa. O que, no caso, até me parece uma grande vantagem: é a melhor maneira para desfrutar do espectáculo, conhecer os jogadores e formar opinião sobre os times em construção para 2014.

    Assim, entre os muitos motivos de interesse, destaco as performances da Espanha e do México, por exemplo. Será que os meus vizinhos do lado, campeões do mundo e da Europa, ainda estão capazes de alimentar a pretensão de mais um título? E será que os mexicanos vão prosseguir a sua senda de vitórias depois de convencerem na final do torneio olímpico de Londres?

    A Espanha continua a dispor de uma selecção formidável, em talento e experiência, e a Taça das Confederações será uma boa oportunidade para testar uma eventual renovação do time (não acredito que o técnico Vicente Del Bosque alguma vez venha a alterar o modelo de jogo).

    Quanto ao México, não vai poder contar com Oribe Peralta nem Carlos Vela, mas de resto vai ter os mesmos jogadores que tanto impressionaram nos Jogos Olímpicos de 2012 - e apesar de ser o detentor do título, jogará mais livre de constrangimentos e expectativas do que outros países presentes no torneio, principalmente o anfitrião Brasil.

    As amostras contra a Inglaterra e depois a França não permitem chegar a grandes conclusões ou certezas absolutas quanto à forma da selecção canarinha: estas duas semanas serão fulcrais para reconciliar o time e a torcida e não tenho quaisquer dúvidas de que isso vai acontecer.

    Em "exame" não estarão só os jogadores e a equipa técnica da selecção: é todo o país que vai ter de mostrar se está preparado para o que aí vem no próximo ano. Mais uma vez, estranharia muito que alguma coisa viesse a correr mal - evocando a tradição dos organizadores dos últimos torneios esportivos mundiais, e particularmente a experiência portuguesa de pessimismo e incerteza até ao minuto anterior ao arranque do Euro 2004, os problemas mais insolúveis e as propostas mais desconcertantes acabam sempre por dar certo quando é preciso.

    O raciocínio é simples: quando participamos numa festa divertida, temos mais tendência para aproveitar e apreciar aquilo que está bem e mais tolerância para ignorar os detalhes que correm pior. Ora, uma coisa que eu tenho a certeza é que os brasileiros sabem fazer uma boa festa. Basta agora que o escrete ganhe para que essa história tenho mesmo final feliz.

    rita siza

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina. Do futebol ao pebolim, comentou sobre diversos esportes, com particular atenção às Olimpíadas.

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