Exactamente um ano depois dos Jogos Olímpicos de Londres, há 11% de britânicos que dizem estar mais activos e interessados na prática regular de um esporte ou actividade física do que antes da competição, revelou uma sondagem da ComRes encomendada pela BBC (e esse valor duplica para 24% se atendermos apenas aos inquiridos na faixa etária dos 18 aos 24 anos).
Essa será uma das primeiras "evidências" estatísticas do legado da Olimpíada na sociedade britânica: foi precisamente a promessa de que o esforço de organizar a competição não seria em vão e teria repercussões positivas - económicas, urbanas e esportivas - que levou o comité olímpico internacional a decidir-se pela candidatura apresentada pelo Reino Unido.
As respostas ao inquérito parecem comprovar a teoria apresentada pelo comité organizador, e não só as que dizem respeito ao acréscimo do número de atletas no país. A sondagem estava repleta de números que apontam para o extremo grau de satisfação do público do Reino Unido com a olimpíada do ano passado, incluindo com o custo total de 8,77 bilhões de libras suportado pelo erário nacional: 74% considera que esse investimento valeu a pena.
Estudos entretanto realizados pelo Governo da Grã-Bretanha dão conta de uma injecção de 9,9 bilhões de libras na economia, atribuída ao comércio e investimento directamente relacionado com a olimpíada.
Parecem excessivamente prudentes os alertas que - na proverbial fleuma britânica - recomendavam uma boa dose de modéstia e paciência na avaliação dos impactos dos Jogos de Londres. "Um ano é pouco tempo para produzir resultados", estimavam.
A maior prova do impacto positivo da olimpíada será, como notava a nadadora inglesa Rebecca Adlington, que pôs fim à carreira com duas medalhas de bronze em Londres, "se dentro de 10 ou 15 anos tivermos um atleta no pódio de uma piscina ou um velódromo a confirmar que foram os Jogos de Londres que o inspiraram a dedicar-se a essa modalidade".
A verdade é que, independentemente das críticas e dos erros que sempre existem, os Jogos Olímpicos de Londres criaram o entusiasmo e estímulo necessário para que um número muito significativo de pessoas (um em cada quatro jovens) tenha decidido envolver-se num determinado esporte. E para além disso, deixaram uma herança material que, teoricamente, permitirá manter essa dinâmica.
Com acessos privilegiados, o parque olímpico - que hoje reabre ao público rebaptizado com o nome da rainha Isabel II - continuará a ser o lugar especial onde se concentra um fantástico centro aquático com piscinas a preços municipais ou uma arena de luxo (conhecida como a Copper Box) apetrechada para albergar sessões de treino e competições de várias modalidades.
Muitas das estrelas que passaram pelo estádio olímpico no Verão de 2012 estarão de volta este fim-de-semana, para celebrar o primeiro aniversário do equipamento que, como os restantes do parque, vai sofrer uma série de transformações para se converter na futura casa do clube de futebol West Ham.
É jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina. Do futebol ao pebolim, comentou sobre diversos esportes, com particular atenção às Olimpíadas.