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    Roberto Dias

    Do Yahoo ao RemainCo

    28/07/2016 02h00

    Julie Jacobson - 21.abr.15/Associated Press
    Presidente-executiva do Yahoo!, Marissa Mayer: empresa foi vendida para a Verizon
    Presidente-executiva do Yahoo!, Marissa Mayer; empresa foi vendida para a Verizon

    SÃO PAULO - Encerrada nesta semana, a saga de 22 anos do Yahoo deixa pronto um estudo de caso para as escolas de negócios.

    A empresa foi uma espécie de anfitriã mundial da internet. Apresentou a rede ao grande público quando ela se expandiu além dos círculos acadêmicos, nos anos 90. Gente de carne e osso catalogava a web num cardápio.

    A inovação que acabaria por derrubá-lo foi tecnológica e conceitual. Em vez de enxergar a rede como uma biblioteca, o Google criou algoritmo que a vasculhava para mapear conteúdos segundo suas conexões (links) e apresentá-los por relevância, sem classificação prévia.

    Pior, o Yahoo não percebeu a onda e chegou a entregar seu próprio buscador ao Google por alguns anos.

    Mesmo desprovida da centelha da inovação e carregada de miopia estratégica, a empresa teve oportunidades para virar o jogo.

    Com caixa de sobra à época, seus fundadores recobraram a visão e sugeriram ao presidente do Yahoo que comprasse o Google. Executivo que havia brilhado em Hollywood mas que mal usava email, ele não quis abrir a carteira diante dos fundadores do concorrente. Saiu sem nada.

    Depois partiu para cima do então novato Facebook. Outra vez perdeu a oportunidade numa negociação atrapalhada –a oferta chegou perto do número mágico de Mark Zuckerberg, US$ 1 bilhão, mas não o atingiu.

    Como quem não faz toma, virou alvo. De olho no mercado de busca, a Microsoft esticou US$ 45 bilhões na mesa. O Yahoo recusou.

    Na segunda (25), a operação de internet da empresa foi vendida por menos de um décimo desse valor para a operadora Verizon. Não entrou no negócio um "descombinado" de ações e patentes soltas que valem mais de US$ 30 bilhões, mas não congregam nenhum funcionário e nenhum produto. Ainda não tem nome, mas já ganhou apelido: RemainCo, algo como "companhia de sobras".

    roberto dias

    Jornalista é secretário de Redação da área de Produção da Folha, onde trabalha desde 1998. Escreve às quintas.

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