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    Roberto Dias

    Hillary, Cunha, Zulu e a vida dos outros

    15/09/2016 02h00

    Andrew Harnik-11.set.2016/Associated Press
    Democratic presidential candidate Hillary Clinton gets into a van as she leaves an apartment building Sunday, Sept. 11, 2016, in New York. Clinton's campaign said the Democratic presidential nominee left the 9/11 anniversary ceremony in New York early after feeling "overheated." (AP Photo/Andrew Harnik) ORG XMIT: NYAH120
    A candidata democrata, Hillary Clinton, deixa a cerimônia do 11 de Setembro após passar mal

    SÃO PAULO - Hillary Clinton deve retomar nesta quinta (15) sua campanha. Isso se os pneumococos não surpreenderem, como no domingo, quando ela deixou às pressas uma cerimônia do 11 de Setembro.

    Da cena pulularam questões sobre a transparência que cerca a saúde de um candidato à Casa Branca. Pudera, essa corrida vai apontar o primeiro (Donald Trump, 70 anos) ou o segundo (Hillary, 68) do ranking dos mais velhos presidentes dos EUA.

    Quem quer ocupar o cargo mais importante do mundo não está obrigado a demonstrar sua saúde. Dá menos informação do que gente que busca outros postos no setor público.

    É um debate que vai além da esfera clínica. No Brasil, os candidatos entregam declarações patrimoniais incompletas. Mesmo sabendo que para cada tranca existe uma alavanca, haveria como atrapalhar mais futuros Eduardos Cunhas. Por exemplo: o valor dos bens não precisaria estar atualizado? Faria sentido exigir dados de toda a família? Os eleitos não deveriam anualmente tornar públicas essas informações?

    A regra de repatriação de recursos no exterior excluiu políticos, e alguns deles pressionam para ter a vida facilitada. Mas cabe também outro ângulo: quem ocupa cargo eletivo deveria ter direito a sigilo fiscal? Não há resposta fácil; uma regra excessiva pode afastar da política bons nomes.

    Certa fronteira pessoal, felizmente, é dada não pela lei e sim pelo voto. A experiência mais marcante no Brasil, inundada de preconceito, virou rodapé da bibliografia eleitoral. Foi o "É casado? Tem filhos?" (SUPLICY, Marta. Campanha Eleitoral, 2008)

    Os franceses ganharam a fama de não misturar urna com lençol. Mas vários políticos dos EUA já balançaram por relações extraconjugais. Ou por nudes, ainda incomuns na política brasileira. É bem possível que uma foto pessoal tenha pouca importância eleitoral por aqui—já convidado a se candidatar, Paulo Zulu agora poderia testar a hipótese.

    roberto dias

    Jornalista é secretário de Redação da área de Produção da Folha, onde trabalha desde 1998. Escreve às quintas.

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