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    Roberto Dias

    Licitação do BB lembra que dinheiro na mão do Estado é vendaval

    27/04/2017 02h00

    Bruno Santos - 20.nov.2016/Folhapress
    São Paulo, SP, BRASIL, 20 -11-2016: Fachada do Banco do Brasil, na Avenida Paulista, Zona Central de São Paulo. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FOTO *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Fachada de agência do Banco do Brasil na avenida Paulista, centro de São Paulo

    SÃO PAULO - A licitação da publicidade do Banco do Brasil é um tapa na cara de qualquer um que espere bom senso dos que lidam com dinheiro público. Com o resultado adiantado à Folha, a maior concorrência deste governo serviu para mostrar que certas coisas são imutáveis.

    Uma dessas coisas é a cara de pau. Um episódio assim no meio das delações só não causa mais espanto porque o encavalamento de rolos está longe de ser incomum. No mesmo dia da revelação, o STF discutia como acusados na Lava Jato mantiveram esquemas ao mesmo tempo em que eram julgados no mensalão.

    Outra dessas coisas imutáveis é a convicção de que dinheiro na mão do Estado tende a ser alocado de maneira menos eficiente do que em mãos privadas —o saldo negativo para a sociedade pode ser resultado tanto de gestão frouxa como de corrupção.

    Só que, para cada problema, a solução que aparece aumenta o papel do Estado na questão. As últimas semanas são generosas em exemplos:

    1) Delações destampam o submundo da relação entre empreiteiras e políticos? A proposta que avança é a que retira as empresas da equação e engorda a artéria de dinheiro público a irrigar as campanhas.

    2) O governo tem problemas para fechar suas contas? A saída é aumentar a transferência de dinheiro do setor privado para Brasília.

    3) Uma nova tecnologia desmonta os feudos dos taxistas e melhora a vida de quem precisa se locomover? Pois logo vem o Estado a criar mais regras (os códigos legais não bastavam?) e, claro, uma nova taxa.

    O caso desta semana é ilustrativo também sob outro prisma. O Banco do Brasil não é a maior instituição financeira do país. Ainda assim, tanto ele quanto a Caixa aparecem seguidamente à frente dos concorrentes privados nos rankings de anunciantes. Foi na publicidade do BB, vale lembrar, que o mensalão apoiou uma de suas pernas. O colo da Viúva é sempre o mais largo de todos.

    roberto dias

    Jornalista é secretário de Redação da área de Produção da Folha, onde trabalha desde 1998. Escreve às quintas.

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