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    Rogério Gentile

    A bancada da corrupção

    10/01/2013 03h30

    SÃO PAULO - É normal ocorrer no Congresso a formação de bancadas suprapartidárias por parlamentares que, a despeito de suas legendas, se unem para defender causas comuns. A bancada "ruralista" representa o agronegócio. A "da bola", os clubes de futebol. Já a bancada "da bala" quer leis mais duras para a segurança pública.

    Ao retornar das férias, em fevereiro, a Câmara terá pela primeira vez, de forma pública, uma "bancada da corrupção", a ser integrada pelos deputados condenados no julgamento do mensalão: José Genoino (PT), João Paulo (PT), Valdemar Costa Neto (PR) e Pedro Henry (PP).

    Seu objetivo é claro: defender a tese de que o STF não tem o direito de cassar os seus mandatos. Na visão dessa turma, só o próprio Legislativo pode tomar tal decisão. Ao STF caberia apenas a tarefa de pedir à Câmara a análise dessa possibilidade.

    O grupo ainda não explicou como um deputado condenado à prisão poderia, na prática, exercer suas prerrogativas. Voto à distância? Discurso por meio de conferência eletrônica? Não se sabe. Mas, mesmo assim, já obteve apoios. O atual presidente da Câmara, Marco Maia (PT), que chegou a bater boca com ministros do STF, declarou cogitar a hipótese de dar abrigo aos parlamentares para impedir suas prisões.

    O seu provável sucessor, Henrique Alves (PMDB), também é simpatizante da causa dos condenados. Há 42 anos na Câmara, tem afinidades políticas com o grupo, integrando a base de Dilma. Na época em que era aliado de FHC, vale lembrar, chegou a ser indicado como vice-presidente na chapa de Serra (PSDB), mas desistiu após a notícia de que sua ex-mulher afirmara à Justiça que ele tinha US$ 15 milhões em paraísos fiscais.

    A fim de divulgar sua causa, a "bancada da corrupção" poderia emprestar, ou melhor, se apropriar de um grito de guerra difundido na redemocratização. Com uma pequena alteração, evidentemente: "Mensaleiro unido jamais será vencido".

    rogério gentile

    Escreveu até março de 2016

    Foi secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna "Painel" e do caderno "Cotidiano".

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