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    Rogério Gentile

    Mosca azul

    04/07/2013 03h30

    SÃO PAULO - Joaquim Barbosa não tem sido muito enfático ao tratar da eleição presidencial. Quando é questionado sobre o assunto, o presidente do STF diz não ter "a menor vontade" de ser candidato, o que, na prática, significa deixar uma porta aberta. Afinal, a vontade pode aparecer de repente.

    Da mesma forma, chama muito a atenção a defesa que o ministro faz do modelo que prevê o lançamento de candidaturas avulsas, sem a intermediação de partidos políticos. "O que falta no Brasil é dar uma chance ao povo de trazer as respostas", afirmou, na mesma entrevista em que se disse lisonjeado com o fato de ser bem avaliado nas pesquisas, "apesar de não ser político".

    Aliás, uma das "respostas" que surgiu no Datafolha do fim de semana foi justamente o crescimento da intenção de voto no presidente do STF. Ninguém subiu tanto. Barbosa passou de 8% para 15%, praticamente dobrando. Marina foi de 14% para 18%. Aécio, de 12% para 15%. Dilma caiu de 49% para 29%.

    A pesquisa mostra também que, em alguns estratos da sociedade, Barbosa não apenas cresce, como seria hoje o líder na corrida presidencial. Ele tem, por exemplo, 26% entre os eleitores com renda familiar de 5 a 10 salários mínimos. Dilma tem 19%, empatada com Aécio. Seria o mais votado também entre os eleitores com escolaridade superior (27%, contra 22% de Marina) e os situados na faixa de renda acima de 10 salários mínimos (26%, contra 22% de Aécio).

    Barbosa, que virou "pop star" após o julgamento do mensalão, é um cidadão de muitos méritos. Inteligente e detentor de um currículo acadêmico brilhante, demonstra ser implacável com a corrupção e intransigente com o corporativismo.

    Seu desprezo pela política, o modo imperial com que tenta fazer prevalecer sua vontade entre os colegas no STF e o temperamento explosivo, no entanto, são traços muito preocupantes em uma personalidade tão rodeada pela mosca azul.

    rogério gentile

    Escreveu até março de 2016

    Foi secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna "Painel" e do caderno "Cotidiano".

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