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    Rogério Gentile - Euclides Santos Mendes

    Os riscos do 'volta, Lula'

    11/07/2013 03h30

    SÃO PAULO - O PT brinca com fogo ao permitir que o burburinho sobre o retorno de Lula circule novamente no ar, cozinhando Dilma lentamente. O risco maior para o partido é o "volta, Lula" virar um retumbante "fora, Dilma, fora, PT" nas urnas, lá na frente.

    Os protestos de junho derrubaram a avaliação de Dilma, mas ela não foi a única governante a perder popularidade. De um modo ou de outro, todos foram alvejados. E, mesmo caindo 21 pontos em três semanas, continua a liderar a corrida eleitoral, com 30% das intenções de voto no Datafolha. Marina tem 23%, e Aécio, 17%.

    Apesar disso, escuta-se diariamente no PT e nos seus aliados pedidos pelo retorno do ex-presidente. O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), que é mais conhecido no partido por sua amizade com Lula do que por sua capacidade de formulação, já disse, por exemplo, "que está na hora de Lula voltar". E a CUT, ao convocar trabalhadores para a manifestação de hoje, exibe um vídeo no qual mostra a imagem do ex-presidente, mas esconde a da atual.

    O 'volta, Lula' joga toda a crise no colo da presidente, disseminando e retroalimentando uma impressão negativa sobre o governo. Na hora em que a faixa tradicional de apoio ao PT encampar o apelo, a avaliação mais ou menos de Dilma vira pó.

    O coro também tem o potencial de esgarçar ainda mais a relação com o Congresso. Se a base aliada nunca se empenhou muito por ela, imagine o que pode ocorrer no momento em que os parlamentares acreditarem que Dilma não representa mais um projeto de poder. A petista, que ainda tem um ano e meio de governo, não conseguirá fazer mais nada.

    Num cenário assim, agravado pela expectativa de baixo crescimento econômico do país, Lula, que, vale lembrar, também perdeu popularidade, pode até voltar e disputar a eleição. Mas passará a campanha toda tendo de justificar um governo cuja principal prova do fracasso será a sua própria candidatura.

    rogério gentile

    Escreveu até março de 2016

    Foi secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna "Painel" e do caderno "Cotidiano".

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